Em pouco mais de dois anos, as exportações portuguesas para a região do Cáucaso e da Ásia Central dispararam. O Quirguistão comprou mais de um milhão de euros em produtos “made in Portugal” – uma subida de 682%, comparando com o ano anterior à invasão da Ucrânia por parte da Rússia. Nessa altura, por exemplo, Lisboa não tinha vendido qualquer sabonete, sabão ou vela a Bichkek, a capital do país. No ano passado, porém, esse montante subiu para €82 mil. Ora, entre Lisboa e Moscovo, a venda deste produto sofreu o processo inverso: em 2021, Portugal vendeu €350 mil para a Rússia e, em 2023, fez apenas €122.
O curioso caso dos sabonetes, com origem em Portugal, é apenas uma pequena amostra da tendência que se verifica em todos os países da União Europeia (UE) e que se intensificou desde as sanções económicas que Bruxelas impôs a Moscovo. Maquinaria, alimentação, automóveis, metais, madeiras, estes são cada vez mais os produtos que viajam para aquela região, mas não para a capital russa. Só que, para os especialistas, o destino dos produtos pode mesmo ser a Rússia, através de reexportações, uma forma de fintar as sanções.