‘Manter o rumo é o meu mantra para a política monetária.” No já longínquo mês de janeiro, em Davos, Christine Lagarde colocou as cartas na mesa sobre a direção que as taxas de juro iriam seguir ao longo de 2023. E cumpriu o prometido, dando sequência ao tratamento de choque iniciado em 2022 para domar a inflação. Depois das doses cavalares de subidas de juros do ano passado, as taxas de referência do Banco Central Europeu (BCE) foram agravadas em mais dois pontos percentuais durante 2023, ano em que a fatura da política do banco central começou a chegar em força às famílias com crédito à habitação e às empresas mais endividadas.
O ciclo de aperto monetário foi o mais violento na história da moeda única. Desde julho do ano passado, o banco central fez dez aumentos consecutivos das taxas, num total de 4,5 pontos percentuais. E só no passado mês de outubro é que carregou na pausa. Terá ido o BCE longe demais na luta contra a inflação, causando danos económicos evitáveis, ou a estratégia de fazer tudo o que fosse preciso para domar o monstro foi a mais acertada?