Laurinda Silva, 66 anos, levanta-se às 5h45 para cumprir o horário das 7h30 às 16h15 (há um outro turno, mais cedo, das 7h às 15h45). Há 45 anos a trabalhar na empresa, e sendo uma das mais antigas, há muito que incorporou o ritmo e a disciplina do modelo alemão. É o trabalho de uma vida inteira, para quem, em 1978, conseguiu, aos 21 anos, o seu primeiro emprego. “Morava na Portela [Famalicão] e, junto à minha casa, tinha um caminho em que se saltava um muro e, pronto, estava na Leica”, conta. Por isso, ficou agradada quando o pai, polícia, lhe arranjou uma entrevista de emprego ali. Tendo apenas os estudos secundários, ficou a trabalhar na ótica.
Inesperadamente, tira de uma gaveta uma antiga objetiva Fotocar, que guarda como seu objeto de estimação. “Era nisto que trabalhava. Vinham alemães para nos dar formação e entendíamo-nos por gestos”, recorda. Não tardou a que daí passasse para os binóculos. Lembra como o seu chefe alemão, “o sr. Muller”, a qualificava como perita a trabalhar lentes. Mas, entretanto, ela tirou “um curso de computadores” e, em 2001, mudou-se para a logística. Atualmente, e já noutras instalações bem maiores, trata das guias de transporte que, todas as sextas-feiras, acompanham o camião que sai daqui carregado de produto e componentes para a sede, em Wetzlar, na Alemanha.