Warren Buffett costuma dizer que só quando a maré baixa é que se consegue perceber quem andava a nadar sem calções, e as quedas nos mercados de criptomoedas nos últimos meses mostraram que muitos investidores estavam nus. Nada que surpreenda muito, dada a ausência de regulação deste universo, a facilidade com que se conseguem fazer esquemas fraudulentos e o ambiente propício à tomada de risco excessivo. Mais chocante é que Sam Bankman-Fried, o empreendedor de 30 anos que até há bem pouco tempo era considerado o cavaleiro branco desta indústria, tenha protagonizado uma falência que alguns comparam ao caso do Lehman Brothers ou mesmo da Enron, a empresa de energia que protagonizou uma das maiores fraudes contabilísticas de sempre.
O setor dos criptoativos já nos habituou a falências que deixam os investidores a arder. Mas, provavelmente, nenhuma na escala da FTX, a bolsa de criptoativos fundada por Sam Bankman-Fried (ou SBF, como é conhecido), que era uma das maiores do setor. Esta empresa atraiu investidores de quase todos os cantos do mundo, desde fundos especializados em inovação tecnológica a fundos de pensões, passando por estrelas do desporto e do entretenimento. No início do ano, a empresa e as suas operações nos EUA estavam avaliadas em cerca de 40 mil milhões de dólares, o que tornava SBF um dos homens mais ricos do mundo. O valor da participação que o empreendedor, formado em Física no MIT, tinha na FTX e em tokens FTT – a criptomoeda que criou para a sua bolsa – chegou a estar calculada em 26,5 mil milhões de dólares, há cerca de um ano, segundo a Forbes. Em menos de uma semana, a fortuna de SBF ficou reduzida a zero, naquilo a que a Bloomberg chamou de “uma das maiores destruições de riqueza da História”.
Em menos de uma semana, Sam Bankman-Fried passou de herói a vilão no setor das criptomoedas e viu a sua fortuna reduzida a zero