A economia europeia enfrenta mais um risco de choque que pode complicar a recuperação da crise pandémica. Os custos da energia estão imparáveis, e isso já se reflete na atividade de algumas empresas e nos bolsos dos consumidores. No Reino Unido, houve fábricas a suspender a atividade e, na Alemanha, algumas indústrias reduziram a produção devido a esta crise energética. Os preços grossistas no mercado ibérico de eletricidade (MIBEL) não escaparam a esta onda de alta de preços. Em agosto, o valor médio foi de 105,96 euros por megawatt-hora – mais do dobro do verificado no início do ano e quase o triplo do que se registava no verão de 2020. Essa evolução já fez subir os custos em algumas indústrias e levou a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) a aumentar por duas vezes, nos últimos meses, as tarifas no mercado doméstico regulado, que abrange 933 mil clientes.
Apesar da subida a pique do preço da energia, o Governo garante que a fatura dos consumidores domésticos não vai subir no próximo ano. “Não haverá aumento do preço em 2022”, afirmou o ministro do Ambiente numa conferência de imprensa, na passada terça-feira. Matos Fernandes garantiu ainda que “haverá uma redução de, pelo menos, 30% na tarifa de acesso à rede para industriais”, o que poderá permitir conter as subidas da eletricidade para o tecido empresarial. O governante decidiu antecipar o anúncio das medidas para amortecer o impacto dos aumentos nos preços grossistas, depois das preocupações expressas por empresários e pelo Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa alertou, no final da semana passada, que estas subidas podem ser um “travão na recuperação económica”. Também o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, expressou, citado pela Lusa, preocupações sobre “o efeito catastrófico” desta “tempestade perfeita” nos preços.