Numa passagem por Lisboa, a empresária angolana Isabel dos Santos garantiu não saber quantas empresas tem ao certo, nem quanto faturam ou quanto pagam em impostos. Em entrevista ao Observador, a filha do ex-presidente de Angola queixa-se do preconceito contra os negócios detidos por angolanos em Portugal, fazendo questão de lembrar que opera no País há mais de uma década e que é sujeita às mesmas regras e regulações que outros empresários.
Na mesma entrevista, esclarece quais são e como detém as suas participações em empresas nacionais como a Efacec e garante que foi escolhida para a Sonangol por mérito e não por ser filha de José Eduardo dos Santos. “Obviamente, sendo angolana, acredito que tenho os mesmos direitos que qualquer outra pessoa, portanto seria realmente extraordinário que alguém tivesse de deixar o seu país por ter um parente ou estar relacionado com alguém que esteja no governo”, refere na entrevista publicada esta sexta-feira.
Aquela que é considerada a mulher mais rica de África (embora a própria diga não ter a certeza sobre isso) lamenta ainda que se parta “do princípio de que em Angola não há leis, que em Angola não há processos, não há procedimentos, ou seja, que há apenas um Presidente que assina um papel e já está”. E lembra que corrupção existe em todo o mundo, rejeitando que seja um problema apenas daquele país: “Agora, a corrupção há em Angola, há em África, há na Ásia, há nos Estados Unidos, há no mundo, é um problema que tem de ser combatido sim. Acho que sim, que é muito importante.”
Isabel dos Santos acusa ainda as atuais autoridades de levarem a cabo uma “caça às bruxas” e admite ter medo de voltar a Angola, onde garante que não entra desde 2018. “A situação política em Angola hoje é uma caça às bruxas, disso não há dúvidas. Se me pergunta se há uma perseguição à família do antigo Presidente dos Santos, sim, há, isso é claro”.