É na montra da Web Summit que muitas startups se deram a conhecer ao mundo. Algumas delas são hoje líderes das suas áreas e marcam o ritmo da nova economia. Mas o caminho para lá chegar não é fácil. No evento estão milhares de empreendedores com ideias inovadoras que lutam pela atenção dos grandes tubarões. Aqueles que têm milhares de euros para arriscar em novos negócios. Nos pequenos espaços das novas startups, os empreendedores tentam demonstrar porque é que a sua ideia tem futuro. Têm apenas um dia para o fazer. No dia seguinte o espaço será ocupado por outros. Por isso têm de ser sucintos e convincentes.
“Conseguimos fazer imensos contactos com pessoas de quase todo o mundo, mas não fechamos negócios, Abrimos portas para o futuro”, explica à VISÃO Tiago Cortez, CEO da Go Wi-Fi, uma startup que desenvolveu a maior rede de wi-fi gratuito em Portugal, onde conta com cerca de 600 mil utilizadores. Mas não querem ficar por aqui. Querem crescer e para isso necessitam de dinheiro. “Para já ainda não estamos preocupados com captação de investimento. O negócio está a gerar receitas suficientes para expandirmos a actividade em Portugal. No entanto, quando quisermos dar o passo para fora do País, iremos de precisar de capital”, explica.
Sem mãos a medir para aceder a todas as solicitações estava Diogo Miguel Caetano. Ele e mais quatro colegas do Instituto Superior Técnico criaram um sistema, através de biópsia líquida, que consegue detetar células cancerígenas cerca de 4 anos antes dos métodos usados atualmente.
“Essa possibilidade já é conhecida há cerca de dez anos mas não existe hardware para detetar essas células. Por exemplo, numa amostra de 7 mililitros de sangue podem existir cinco células dessas misturadas com biliões de glóbulos vermelhos. Nós conseguimos detetá-las através de um sistema de sensores com partículas magnéticas”, explica.
Isto permite ao médico atuar numa fase muito precoce de um cancro, fator fundamental para poder tratar a doença. Diogo Miguel Caetano diz que há outros métodos para detetar essas células mas ficam muito caros. “Os que estão a ser desenvolvidos através de laser podem custar 200 ou 300 mil euros. Nós podemos fornecer o serviço, a hospitais, por cerca de 100 euros. E se o produto se massificar o preço pode baixar ainda mais”, esclarece.
Mas para passar da ideia à prática, ou seja, lançar o produto no mercado, precisam de dinheiro. “Agora estamos a ser financiados por bolsas individuais, o que nos permite manter o desenvolvimento da ideia durante dois anos. Precisamos apenas de cerca de 100 mil euros para pagar o registo das patentes. Depois, sim. Quando formos para produção necessitaremos de pelo menos quatro milhões de euros.”
É uma verba avultada que, segundo Diogo Miguel Caetano, é difícil encontrar entre os investidores nacionais. Mas, a avaliar pelo interesse que esta ideia despertou na Web Summit, o investmento pode estar garantido.