Os números foram fornecidos à VISÃO pela Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIPA) e são bem representativos das consequências que a crise financeira em Angola teve no nosso país. A redução de circulação de divisas provocou atrasos de pagamentos e também uma diminuição da capacidade importadora angolana, que afetou sobretudo o mercado português. Resultado: em dois anos, entre 2014 e 2016, perto de 4 mil empresas deixaram de ter em Angola um mercado de escoamento dos seus produtos.
Se em 2014 eram mais de 9 mil, dois anos depois restavam 5523 empresas portuguesas a exportar para Angola, com cerca de metade (2749) a ter “aquele mercado africano como destino exclusivo das suas exportações”, conforme sublinhou à VISÃO Paulo Varela, presidente da direção da CCIPA.
A balança de pagamentos entre Portugal e Angola ressentiu-se disto. “As exportações portuguesas para Angola desceram 28,42% face a 2015, passando de € 2.099,6 milhões para € 1.502,8 milhões, depois de terem sofrido um primeiro decréscimo de 34% em 2015 face ao ano anterior”, refere ainda Paulo Varela. “Também a representatividade das exportações para Angola no total do comércio extracomunitário português baixou de 15,5%, em 2015, para 12,1%, em 2016”.
Já no sentido contrário, as exportações de Angola para Portugal diminuíram em €1142 milhões em 2016, ficando nos €809,7 milhões, uma quebra de 29,11% relativamente a 2015. As importações portuguesas de Angola representam agora 6% do mercado extracomunitário, quando antes eram de 8,1%.
A crise angolana afetou também a exportação de serviços para Angola, que é “ligeiramente superior à verificada nas mercadorias”. De 2016 para 2015, a quebra foi de 32%, com o valor a baixar de € 1.387,9 milhões, em 2015, para € 943,1 milhões, no ano passado. Já em 2015 a exportação portuguesa de serviços havia decrescido 10,6% face a 2014.
No que se refere à exportação angolana de serviços para Portugal, verificou-se uma redução de 32,9% em 2016 face a 2015: o montante de € 277,5 milhões, em 2015, baixou para € 186,3 milhões, em 2016; comparando 2016 com 2014, a importação de serviços angolanos por Portugal correspondeu a um decréscimo de 41,4%.