O banco catalão detém 44,1% do BPI e o anúncio da OPA surge um dia depois de o banco português ter avisado o mercado de que tinha ficado sem efeito um princípio de acordo entre o Caixabank e o segundo maior acionista do banco, os angolanos da Santoro Finance, sobre o controlo do banco português.
O princípio de acordo, anunciado a 10 de abril, visava resolver o problema da elevada exposição do banco português a Angola. Apesar de o Banco de Fomento Angola ter representado no ano passado mais de 50% do lucro do BPI, ou seja, 135,7 milhões de euros de um total de 236,4 milhões, o BCE anunciou em 2014 a alteração da forma de contabilização dos bancos europeus com negócios em Angola, penalizando o capital.
O BPI passou então a ter de reduzir a sua exposição àquele país, mas isso fez vir ao de cima as divergências entre o Caixabank, o principal acionista do BPI – com 44,10% do capital social, apesar de só poder exercer 20% dos votos – e a Santoro, da empresária angolana Isabel dos Santos, que detém 18,58% do capital.
O banco catalão adiantou hoje em nota ao regulador dos mercados de Espanha, a CNMV, que “durante a fase de aprovação [do acordo] pelos órgãos sociais competentes, a Santoro Finance comunicou ao Caixabank que não poderia subscrever os documentos contratuais”.
“Perante esta situação, o Caixabank informa que não será possível formalizar o acordo com a Santoro Finance”, sublinha.
A imprensa portuguesa noticiou no domingo que o Governo português aprovou em conselho de ministros na semana passada uma alteração à lei que permitirá eliminar a blindagem aos direitos de voto que impedem o Caixabank de – em Assembleia Geral de Accionistas – ter os votos correspondentes à sua posição acionista.
O banco catalão já tinha lançado uma OPA com termos semelhantes a esta em fevereiro do ano passado.