Fortemente afetada pela quebra dos preços do petróleo no mercado mundial, a economia angolana vê-se a braços com uma dificuldade adicional, o abrandamento da economia na China, o principal mercado para o crude extraído na antiga colónia portuguesa. O efeito da desaceleração da atividade chinesa resultou, nos primeiros nove meses deste ano, numa diminuição homóloga de 48,2% do valor das mercadorias compradas pelos chineses a Angola (sobretudo produtos petrolíferos).
De acordo com as estatísticas da alfândega chinesa, divulgadas pelo Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, no período em análise, Pequim comprou a luanda produtos num valor de 12 626 milhões de dólares, tendo exportado para a ex-colónia portuguesa 2 938 milhões de dólares.
Na comparação entre os meses de setembro e agosto deste ano, constata-se que a quebra dos valores das mercadorias vendidas pelos angolanos à China se cifrou nos 29 por cento.
Recorde-se que a China absorvia, em 2007, apenas um quarto das exportações petrolíferas angolanas e que, sete anos depois, essa quota já era de 48,5 por cento. Nesse período, a China tornou-se o principal destino para os hidrocarbonetos angolanos. A descelaração da economia do gigante assiático pode causar problemas adicionais à já debilitada economia angolana.
As relações comerciais sino-lusófonas estão em queda desde o início do ano, com quebras homólogas sucessivas entre janeiro e setembro. Assim, de acordo com as últimas estatísticas da alfândega chinesa, as trocas entre a China e os países que falam português sofreram um decréscimo de 25,4 por cento.
As importações da China para a lusofonia foram de 47 800 milhões de dólares, e cairam 31%, enquanto as trocas no sentido inverso (28 660 milhões) diminuíram 13,8 por cento.
Dentro da lusofonia, o Brasil e Angola são os principais parceiros comerciais da China. Portugal é o terceiro parceiro, com o comércio bilateral a atingir os 3 300 milhões de dólares – uma quebra homóloga de 6,39% numa balança comercial favorável aos chineses – venderam a Lisboa um total de 2 190 milhões de dólares (menos 5,9%) e compraram produtos 1 180 milhões – menos 7,30 por cento que um ano antes.