O terceiro programa de ajuda solicitado pela Grécia poderá ascender a 86 mil milhões de euros, segundo as necessidades financeiras estimadas pelas instituições e reproduzidas num documento hoje adotado pelo Eurogrupo e transmitido aos líderes da zona euro.
De acordo com o documento de apreciação ao pedido de ajuda da Grécia que os ministros das Finanças da zona euro acordaram hoje em Bruxelas, e ao qual a Lusa teve acesso, “o Eurogrupo toma nota das necessidades financeiras do possível programa entre os 82 e os 86 mil milhões de euros, como estimado pelas instituições”.
A estimativa feita por Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta assim para um terceiro “resgate” à Grécia num valor superior à assistência prestada a Portugal, também para três anos (2011-2014), de 78 mil milhões de euros.
A maior parte do financiamento seria proveniente do novo fundo de resgate permanente da zona euro, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).
Todavia, “o Eurogrupo convida as instituições a explorar possibilidades para reduzir o envelope de financiamento, através de um caminho orçamental alternativo ou procedimentos de privatização mais elevados”.
Relativamente às necessidades financeiras mais urgentes da Grécia, o documento aponta que estas estão estimadas em 7 mil milhões de euros até 20 de julho (data do pagamento de 3,5 mil milhões de euros ao BCE) e 5 mil milhões de euros adicionais até meados de agosto.
Depois da reunião do Eurogrupo realizada entre sábado e hoje, o assunto passou para o nível de chefes de Estado e de Governo, reunidos esta tarde em Bruxelas numa cimeira extraordinária da zona euro.
Reestruturação só com saída temporária do euro
O documento de análise do Eurogrupo ao pedido de ajuda da Grécia, transmitido aos líderes da zona euro, contempla a possibilidade de uma saída temporária do país da zona euro, caso em que seria negociada uma reestruturação da dívida pública.
Em caso de não acordo para um terceiro resgate ao país, é dito que “deveriam ser oferecidas à Grécia negociações rápidas” para que o país saia temporariamente da zona euro, “com possível reestruturação da dívida”.
Esta frase é a última do documento, a que a Lusa teve acesso, enviado pelo Eurogrupo aos líderes reunidos na cimeira da zona euro, e surge entre parêntesis.
Alguns avanços e várias interrupções
A cimeira da zona euro foi entretanto interrompida para uma reunião entre o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, para encontrar um acordo que permita um terceiro resgate.
No encontro que durou cerca de duas horas participaram ainda o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e o ministro das Finanças da Grécia, Euclides Tsakalotos
A cimeira depois voltou a ser interrompida, por volta das 23h (hora de Lisboa) “para consultas”, anunciou o primeiro-ministro maltês na sua conta pessoal na rede social ‘twitter’.
“Segunda pausa para consultas. Algum progresso na cimeira do Euro mas ainda falta caminho”, escreveu Joseph Muscat.