Num debate no hemiciclo de Estrasburgo sobre a cimeira extraordinária da zona euro celebrada na véspera em Bruxelas, na qual foi estabelecido um prazo limite até domingo para ser fechado um compromisso entre Grécia e credores, Tsipras garantiu que o objetivo do seu governo não é “procurar o confronto com a Europa”, e indicou que irá apresentar, nos próximos dias, propostas concretas e detalhadas de reformas a implementar no país, com vista a um terceiro programa de ajuda.
No entanto, salientou, as soluções a serem encontradas devem ser “socialmente justas e economicamente sustentáveis, sem repetir os erros do passado, que levaram a economia grega a um ciclo vicioso de recessão”, pois esse é também o mandato que resultou do referendo do passado domingo, no qual o povo grego, sustentou, deu “uma resposta corajosa” (de “não” à última proposta das instituições), “apesar dos bancos fechados e das campanhas a aterrorizar”.
Assumindo a responsabilidade pelos últimos cinco meses e meio — o período que leva no cargo de primeiro-ministro -, Tsipras sustentou todavia que todos devem “reconhecer que a responsabilidade básica do impasse em que a Grécia e a zona euro estão neste momento não se deve apenas aos últimos cinco meses e meio, mas aos últimos cinco anos e meios, com programas que falharam” e que não distribuíram de forma equitativa “o fardo” dos sacrifícios.
“As propostas do governo grego não serão concebidas para ser mais um fardo para os contribuintes europeus”, asseverou, lamentando que, “até agora”, o dinheiro emprestado à Grécia pelos seus parceiros (no quadro dos dois anteriores programas de resgate) nunca tenha chegado aos cidadãos comuns, às mulheres e homens gregos, tendo antes sido utilizado “para salvar bancos”.
Por seu lado, o presidente do Conselho Europeu e das cimeiras do euro, Donald Tusk, sublinhou que se está perante uma “corrida contra o tempo”, pois “a realidade é que só restam quatro dias para se alcançar um acordo definitivo”.
“Tenho evitado falar em datas-limite, mas a verdade é que a data-limite é esta semana”, referiu.
Alertando que um novo fracasso nas negociações conduzirá “ao pior cenário possível”, Tusk advertiu que o mesmo inevitavelmente “afetará a Europa, incluindo do ponto de vista geo-político”, e quem acredita que tal não é o caso “é ingénuo”.