O antigo presidente do Banco Privado Português (BPP), João Rendeiro, já reagiu à absolvição do crime de burla qualificada no processo Privado Financeiras, salientando que a Justiça é feita nos tribunais e não na comunicação social.
“Esta decisão prova que a Justiça se faz nos Tribunais e não na comunicação social. Todos os que apostaram – e foram muitos – no populismo mediático e no julgamento em praça pública perderam”, destacou Rendeiro numa nota escrita enviada às redações.
Segundo o responsável, com esta decisão hoje proferida pelo coletivo de juízes liderado por Nuno Salpico, “venceu a prova produzida em Audiência de Julgamento, a Lei e o Direito e a convicção de que o julgamento se não faria nos Media mas sim no tribunal”
João Rendeiro, Paulo Guichard e Salvador Fezas Vital estavam acusados pelo Ministério Público, em coautoria, de burla qualificada, crime com uma moldura penal de dois a oito anos de prisão.
Neste julgamento, que decorreu na Instância Central de Lisboa, 1.ª secção criminal, esteve em causa uma operação de aumento de capital de um veículo de investimento denominado ‘Privado Financeiras’.
Os três ex-administradores do BPP são acusados por terem atraído accionistas para um aumento de capital deste veículo quando sabiam que já estava falido.
Perante o tribunal, os clientes afirmaram, em geral, que estavam cientes do risco de perda total do capital aplicado neste produto, mas garantiram que foram enganados quanto à operação de aumento de capital da ‘Privado Financeiras’.
Os investidores explicaram que foram persuadidos a contrair empréstimos com penhor das contas junto do BPP para participar na operação proposta pelos seus gestores de conta, sem imaginar que parte da verba captada foi usada para abater créditos da própria ‘Privado Financeiras’ junto da banca, nomeadamente, do JP Morgan (200 milhões de euros) e do próprio BPP (50 milhões de euros).
Os diversos investidores deste veículo do universo BPP alegam que foram lesados numa verba global superior 40 milhões de euros.
Este é apenas um dos vários processos criminais e contraordenacionais que estão em curso no âmbito do chamado caso BPP.