Aderir ao Plano EDP Continente não é só poupar 10% nas compras feitas nos hipermercados da Sonae.
É também aderir à tarifa liberalizada da EDP, que a troika exige que entre em vigor no próximo ano, em substituição da atual tarifa regulada, fixada pela ERSE, a entidade reguladora do setor. Mas essa informação não é prestada na campanha publicitária das duas empresas, nem no formulário que convida os clientes domésticos da EDP a aderir à EDP Comercial, transferindo a sua relação contratual para esta empresa, criada em 2006 para o mercado liberalizado.
As explicações sobre as implicações da adesão são remetidas para a página de internet ou linha telefónica criadas para o efeito. Nas lojas da EDP e do Continente, “existem promotores comerciais que clarificam qualquer dúvida”, indica fonte oficial da elétrica. Até ao momento, a EDP registou 40 mil adesões entre os seus mais de 5 milhões de clientes domésticos.
Mas o que é, afinal, a tarifa liberalizada? Como o nome indica, também os preços da eletricidade (e do gás natural) deixarão de ser fixados pela ERSE, passando a ser definidos pelo mercado a partir de 2013 à semelhança do que acontece com os combustíveis, desde 2004. Há, pelo menos, sete empresas a prestar esse serviço em Portugal, entre elas a EDP Comercial e a Endesa espanhola.
A troika determinou a introdução da nova tarifa já em 2013, mas uma resolução do Governo estabeleceu um período de transição máximo de três anos, o que remete o fim da tarifa regulada para 2015. Durante esse prazo, aplicar-se-ão “tarifas transitórias” aos clientes que ainda não tiverem escolhido um comercializador de mercado, procedendo a ERSE “a acertos periódicos”, para minimizar o efeito “da eventual volatilidade do mercado”.
Os clientes que aderirem de imediato à tarifa liberalizada da EDP, a troco de um desconto de 10% a acumular no cartão Continente, pagarão, até final do ano, um valor igual ao da tarifa simples regulada da EDP, que é de 0,1393 euros por kWh. Terão, contudo, de prescindir das tarifas bi ou tri-horária.