A agência de cotação financeira Standard & Poor’s cortou o rating de Portugal, Itália e Espanha, em dois níveis. França ficou pela primeira vez sem a notação máxima.
Condições de crédito mais apertadas e as previsões de contração económica na Europa estão entre os argumentos centrais que a agência de notação Standard & Poor’s (S&P) usa para justificar a descida dos ‘ratings’ da maioria da zona euro.
A agência cita ainda a tentativa de “desalavancagem simultânea de Governos e famílias” e a “disputa prolongada entre os líderes europeus sobre que caminho é o adequado para lidar como os desafios” com que se depara a zona euro.
E afirma que a aposta apenas em medidas de austeridade pode criar uma situação “autoderrotista” se não lidar também com outros aspetos como corrigir os desníveis de competitividade.
França perde nota máxima
A perda do “triplo A” da França terá consequências que podem vir a refletir-se nos destinos da Europa. A nível económico pode encarecer os custos do financiamento da República Francesa, e ameaça refletir-se no “AAA” atribuído ao fundo europeu de resgate a que recorrem Portugal e outros países.
O ministro das Finanças francês, François Baroin, confirmou que a Standard & Poor’s cortou o ‘rating’ de França, retirando-lhe assim pela primeira vez a notação máxima, devido ao risco para o país do alastramento da crise do euro.
Durante a tarde de sexta-feira a imprensa internacional já dava conta deste corte, apontando para uma descida de um nível.
A nível europeu, a degradação da nota da França arrisca-se também a ter implicações indiretas no Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), que assegura o pagamento dos planos de resgate a Portugal, Grécia e Irlanda.
A última semana foi globalmente positiva para as diversas bolsas de valores europeias. A notícia desta sexta-feira agita novamente os mercados.
A notícia foi avançada pela SIC que acrescenta que o Governo português já terá sido notificado da descida do rating. José Gomes Ferreira, editor de Economia do canal de Carnaxide, é da opinião que os Estados Unidos e a Alemanha são os dois países que mais ganham com o novo corte de rating.
Comissão Europeia considera a decisão inconsistente
A Comissão Europeia lamentou a decisão da agência de notação Standard & Poor’s de baixar o ‘rating’ de vários países da Zona Euro, que classificou como “inconsistente”, e questiona o momento em que é feita.
“Após verificar que desta feita não é acidental, lamento a decisão inconsistente tomada pela Standard & Poor’s relativamente ao ‘rating’ de muitos Estados-membros da Zona Euro, numa altura em que a Zona Euro está a tomar ações decisivas em todas as frentes da sua resposta à crise”, afirmou o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, em declaração divulgada em Bruxelas.