Constâncio adiantou o valor no meio de uma troca de acusações com o deputado Nuno Melo, do CDS-PP, a quem o supervisor acusou de construir um caso político e de desconhecer aspectos fundamentais do caso BPN.
“O senhor deputado revelou grande desconhecimento de factos e aspectos fundamentais” ao longo dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito à nacionalização do BPN, acusou Vítor Constâncio, para quem o deputado centrista “construiu um caso político” e acabou por “fazer uma campanha [eleitoral] inteira à custa disso”.
Entre os factos fundamentais que Constâncio acusou Nuno Melo de desconhecer estão o apuramento das constas – e do buraco do BPN – que o governador do banco central disse que “são muito inferiores aos mil milhões de euros” depois de todo o processo acabar, incluindo a venda do banco.
Constâncio acrescentou ainda que “só quando existir o banco que vai ter os activos [tóxicos do sistema português], que os vai valorizar e vender, só nessa altura é que se saberá” o valor real das imparidades no BPN.
Constâncio disse também que não há ainda possibilidade de apresentar números finais mas que “estamos a falar de números muito inferiores aos mil milhões de euros” pelo que Nuno Melo terá “distorcido factos” quando falou na campanha eleitoral de imparidades ou injecção de dinheiros públicos em torno de 2,5 mil milhões de euros.
A audição de hoje da comissão de inquérito parlamentar ao BPN tem-se pautado por acusações mútuas entre Vítor Constâncio e – primeiro – o deputado comunista Honório Novo e – de seguida – o deputado centrista Nuno Melo. “O senhor governador já não é secretário-geral do PS, deveria conter as suas declarações e intervenções e intervenções”, referiu Nuno Melo.
Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal desde o ano 2000, foi Secretário-Geral do Partido Socialista entre 1986 e 1989.