A última grande entrevista de José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal, que morreu no dia do encerramento de Paris 2024

A última grande entrevista de José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal, que morreu no dia do encerramento de Paris 2024

A palavra desporto aparece em quase todas as linhas do currículo dos 75 anos de vida de José Manuel Constantino. Foi atleta federado, professor de Educação Física, dirigente desportivo em clubes e federações, presidente tanto da Confederação como do Instituto do Desporto, líder da empresa municipal de Oeiras que gere espaços e equipamentos desportivos, culturais e de lazer e, desde há uma década, presidente do Comité Olímpico de Portugal. É, por tudo isto, um observador atento da vida desportiva, mas também do País. Durante uma conversa de uma hora, revela-se, mais uma vez, um pensador lúcido e de discurso elegante, mesmo nos momentos em que aponta erros e chama a atenção para as carências que, ao fim de décadas, continuam a impedir um maior desenvolvimento do desporto português – e, com isso, da própria sociedade em geral.  

Quais as expectativas para Paris 2024? Como acha que a comitiva portuguesa vai ser vista pelos portugueses?

Se tiver sucesso, vai ser bem-vista. Se não tiver sucesso, vai acontecer aquilo que é habitual: vão chover as acusações de que os atletas foram fazer turismo, que estamos muito aquém de países com níveis demográficos equivalentes, que se gastou mal o dinheiro e que continuamos na cauda dos países em termos de capacidade competitiva. Se correr bem… o mérito será dos atletas.

A probabilidade de correr mal é superior à de correr bem?

Sou relativamente moderado nessa matéria. Recordo-me, e você porventura conhecerá esse problema bem melhor do que eu, da nossa missão olímpica aos Jogos de Pequim, com vários campeões do mundo, primeiras posições nos rankings internacionais. Tudo levaria a supor que iríamos ter resultados excecionais. E aconteceu o que aconteceu. Portanto, aquilo que acontece antes dos Jogos permite-nos estabelecer, de algum modo, algumas previsões, mas o que acontece depois é completamente distinto daquilo que nós estimávamos. E, portanto, temos de ter sobre esta matéria uma posição de muita moderação. A circunstância da comitiva ser mais curta – porque o número de provas foi reduzido e porque os critérios de seletividade aumentaram –, além de termos perdido dois elementos de topo, a Auriol Dongmon [campeã mundial de lançamento do peso em pista coberta] e a Patrícia Mamona [medalha de prata no triplo salto nos Jogos de Tóquio], naturalmente que nos debilita do ponto de vista competitivo.

Mas qual é, então, face às circunstâncias, a sua real expectativa?

A minha expectativa é de que aqueles que vão representar Portugal consigam, no mínimo, obter resultados equivalentes aos que estiveram na origem dos seus apuramentos. Se isso for conseguido, já será muito bom. Se isso não for conseguido, não será bom. Se for ultrapassado, será excecional.

Mas, mesmo sendo excecionais, serão sempre resultados inferiores ao dos países europeus de igual dimensão demográfica…

Eu sei que habitualmente é feita essa comparação, até com outros indicadores do PIB, etc. Mas o elemento mais relevante, do ponto de vista da construção de uma elite desportiva, não são esses indicadores, embora sejam condicionantes. O mais importante é a base de recrutamento. Não tem, por isso, grande relevância comparar-nos a países com dimensões demográficas similares, mas que têm uma base de praticantes que duplica ou triplica a nossa, ou seja, com uma capacidade de recrutamento incomensurável, que nós não temos.

O importante, na sua opinião, não é o número de habitantes, mas sim o número de praticantes desportivos?

A base demográfica é um fator influenciador, condicionante, como a base financeira, a cultura desportiva. Mas o número de praticantes é o indicador fundamental. É a base que permite selecionar os melhores e construir uma elite. Do que vale compararmo-nos com a Hungria, que coleciona centenas de medalhas olímpicas, só pelo lado da população? Temos é de comparar a base de praticantes no âmbito do alto rendimento na Hungria com a base de praticantes no alto rendimento em Portugal. Essa é a questão crítica fundamental. E se nós não percebermos isto, e não tivermos políticas públicas que aumentem a base dos praticantes, estruturas que os possam acolher ‒ com o respetivo enquadramento, com treinadores, equipas médicas de qualidade e de apoio ao alto rendimento ‒, nós podemos continuar a fazer essas comparações, mas elas não chegam a uma conclusão que seja crítica para alterar a situação da realidade desportiva nacional, do ponto de vista da competitividade externa.

Portanto, considera que o problema não se resolve só com melhor preparação no treino dos atletas, mas sim com melhores políticas?

São necessárias as duas coisas. Mas, a montante, é preciso que exista uma política de promoção da prática do desporto e critérios de seletividade que permitam identificar aqueles que, tendo melhor qualidade desportiva, possam e queiram dedicar-se ao alto rendimento. Sem isso, teremos muitas dificuldades de competir em condições de igualdade com países que têm indicadores demográficos ou produto interno bruto semelhantes. Podem ser indicadores academicamente muito utilizados, mas que, do ponto de vista funcional, têm pouco efeito.

Porque não existem essas medidas? Por falta de vontade política ou falta de cultura desportiva?

Eu creio que há aqui um problema transversal, que antes de ser político é cultural e que, portanto, condiciona todas as políticas. Por outro lado, o desporto padece também, por fatores de natureza histórica, de enormes fragilidades, porque não tem lobby.

E ter lobby é assim tão importante?

Veja o que se passa na Cultura, que tem fortíssimos lobbies, quer em torno da maçonaria quer em torno do lobby gay, o que não acontece no desporto. Nós já tivemos numa das orientações maçónicas uma importante figura do desporto nacional, mas que não teve qualquer consequência do ponto de vista da construção das políticas públicas. E nos últimos anos tivemos algum recrutamento na área maçónica, que não é propriamente bom exemplo para o País. E do ponto de vista dos movimentos gay, eles estão muito centrados nas questões da inclusão, da igualdade de género, da linguagem inclusiva e da cultura woke, e não propriamente no domínio das políticas públicas. Falta, portanto, na área do desporto, um movimento lobista que pressione a construção de políticas públicas em sentidos distintos daqueles com que elas têm sido construídas nos últimos anos.

Mas quer dizer que as políticas públicas em Portugal são construídas sempre com base em lobbies?

Bem, as políticas públicas em Portugal são, em primeiro lugar, construídas sem memória. A generalidade dos governantes, e não apenas no desporto, chega aos seus lugares de poder e acha que o País começa a partir do momento em que se inicia a sua governação. E, portanto, tem um défice de cultura histórica nas suas áreas de governação que prejudica a construção das políticas públicas. Ora, não é possível construir novas políticas sem fazer uma boa avaliação das razões por que as anteriores falharam. Dou-lhe um exemplo sobre um tema que é muito querido, até dos dirigentes desportivos, que é a questão do planeamento estratégico. Nós temos dezenas de planos estratégicos, temos alguns até, cerca de meia dúzia, em funcionamento e agora quer fazer-se mais um. Mas eu não conheço, até à presente data, qualquer estudo que avalie porque é que os outros falharam. Porque alguns eram, do ponto de vista doutrinário e teórico, muito bem construídos e muito bem elaborados. Existe esta tendência de não olhar para o passado, para a história, para o nosso trajeto e procurar construir novas políticas. Ou, em alguns casos, nem se constrói: anunciam-se novas políticas, desprezando completamente a memória. Não creio que isso seja positivo para Portugal.

Deveria haver um Ministério do Desporto?

Não creio, porque já houve e não resolveu nada. A questão, aqui, é mais substantiva, mais de construção das políticas públicas e de uma ideia desportiva para o País que não faça tábua rasa daquilo que é o seu passado, a sua trajetória, e que olhe para a realidade e estude as suas debilidades. Porque de nada servirá ter um Ministério do Desporto se continuar a repetir, até à exaustão, todos aqueles lugares-comuns com que habitualmente somos confrontados. Alguns dos quais, como a questão do desporto escolar, não têm qualquer evidência, do ponto de vista empírico ou científico. Porque Portugal, no caso do desporto escolar, tem até indicadores de prática muito superiores aos indicadores europeus. De resto, por insuficiente que seja a prática desportiva e escolar, o tecido associativo não tem capacidade de acolhimento de todos aqueles que querem continuar a praticar desporto. Portanto, o problema não reside tanto na escola, mas antes na debilidade do nosso tecido associativo e na incapacidade que tem de acolher o número de praticantes que desejam prosseguir uma via desportiva. Logo, acaba por ter uma lógica estritamente seletiva, acolhendo apenas os melhores, e com as dificuldades que nós conhecemos.

Desculpe a provocação: por que razão Portugal precisa de ter um desporto forte e ativo em todas as camadas da população? É só para ganhar medalhas nos Jogos Olímpicos ou é mais do que isso?

Bom, em primeiro lugar, porque o desporto é um elemento da cultura, da cultura do corpo. E é um elemento que, quando devidamente orientado, tem efeitos de natureza formativa sobre o caráter e a construção da personalidade do próprio cidadão. Em segundo, porque há algumas dimensões da prática do desporto que têm efeitos na promoção de estilos de vida saudável. Em terceiro, porque é um elemento de agregação e de identidade nacional. E, finalmente, porque é um elemento que hoje, à escala global, avalia a competitividade das nações. Creio, portanto, que todos estes elementos justificariam que a nossa política desportiva tivesse uma escala, uma dimensão, uma robustez, um músculo completamente distinto daquele que tem.

Considera que o futebol, e tudo o que gira em torno do futebol, acaba por ofuscar o resto do desporto?

Sim, mas o problema não é do futebol, que, à sua escala, desempenha o seu papel. O problema é que, na minha conceção, se existe um Estado é para corrigir assimetrias e debilidades, para ajudar os mais fracos e apoiar os mais necessitados. O Estado deve criar níveis de desenvolvimento equilibrados, designadamente sustentando os desportos e modalidades que, pela sua natureza e pelas suas características, não têm as possibilidades de aglomeração de recursos e de meios que o futebol como negócio tem. Portanto, deveria haver um papel corretivo do Estado. Mas o Estado, com exceção dos valores do iluminismo ‒ da igualdade, da liberdade e da fraternidade ‒, está hoje completamente vendido ao neoliberalismo e à escola de Chicago. O Estado vive do negócio, apoia o negócio e estimula o negócio. E não há, nas diferentes famílias políticas, diferenças significativas naquilo que o Mário Soares designava como capitalismo de casino. É pouco expectável que, mesmo aqueles que são herdeiros de um pensamento socialista ou social-democrata, corrijam esta rota e não se deixem embalar pelas teses do Silicon Valley, das startups, da globalização, enfim… todas essas teorias que têm dado cabo da Europa e do mundo.

E de que maneira o desporto em Portugal sofre desse excesso de neoliberalismo?

Pela forma como as políticas públicas são encaradas, e até à presente data, pelos míseros orçamentos com que é financiado, valendo-se daquilo que é o mérito da recolha de fundos por parte da Santa Casa da Misericórdia ‒ não é com os impostos dos portugueses. Através de uma manobra interna, conseguiram integrar a receita dos jogos no perímetro do Orçamento do Estado. É basicamente daí que vem o financiamento ao desporto. E que faz com que a dotação que o Estado central tem, até à presente data, para apoio ao desenvolvimento desportivo seja inferior ao orçamento de algumas federações, designadamente a do futebol.

Isso faz com que, por exemplo, Portugal raramente consiga levar desportos coletivos aos Jogos Olímpicos?

Não creio que seja por insuficiência financeira que o futebol e o andebol não estejam nos Jogos Olímpicos de Paris. Foi por insuficiência desportiva, não foi por falta de meios nem de recursos que não conseguiram o apuramento.

Como avalia o financiamento do Estado ao desporto, numa escala de 0 a 10?

Cinco. Em relação ao Estado central, porque as autarquias têm uma linha de apoio ao desporto que está num nível até ligeiramente superior aquele que é a média da União Europeia. E muito do financiamento que é feito ao desporto, sobretudo à escala local, é garantido pelas autarquias. Em relação ao Estado central, o financiamento é perfeitamente miserável, em relação aos valores alocados ao Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ) para este distribuir pelas diferentes federações desportivas.

Valores que se mantém mais ou menos iguais de ano para ano, numa repartição sempre feita com base no orçamento do ano anterior…

Sim, sim. De resto, posso estar enganado, e peço desculpa se estiver enganado, eu nunca vi nenhum técnico do IPDJ a acompanhar as competições desportivas das federações e a verificar no local o trabalho que está a ser feito, como é que os recursos são aplicados. É sempre à secretária, no computador, de um ponto de vista estritamente administrativo. Não levantam o rabo da cadeira. Estão ali, como burocratas, a olhar para os planos e, em função das disponibilidades financeiras que têm ‒ haja bom trabalho ou mau trabalho ‒, a avaliar se aquilo que foi pedido foi aplicado para o que se destinava, ou se estava bem fundamentado. São burocratas, não são técnicos desportivos.

Estamos agora a celebrar os 50 anos do 25 de Abril. E convém lembrar que, logo nos primeiros Jogos a seguir à Revolução, em Montreal 76, Carlos Lopes ganhou uma medalha que, na época, parecia que iria ser o sinal de uma nova era no desporto em Portugal. Cinquenta anos depois, como avalia a progressão que existiu?

São coisas distintas. Esse momento ocorreu numa circunstância em que o diretor-geral do Desporto era o Alfredo Melo Carvalho, era o Partido Comunista e o MDP-CDE, que tinham uma cultura marcadamente desportiva e que receberam, então, um conjunto de apoios excecionais para o apoio ao alto rendimento e à participação olímpica. Depois foram afastados…

Esse apoio foi, nessa altura, decisivo?

Muito importante. Muito mérito também do Moniz Pereira, com aquela sua atitude permanentemente chata, de reivindicar tudo.

Havia lobby nessa época…

O Moniz Pereira era um lobista encartado [risos]. Mas, nessas circunstâncias, as coisas correram bem. Depois a situação política alterou-se e houve mudança dos titulares. Mas eu não avalio estes 50 anos como um retrocesso. Acho que evoluímos de forma positiva em muitos setores ligados ao desporto, mas assente basicamente no papel das autarquias, que tiveram e têm um papel decisivo, quer na promoção da atividade física, quer na promoção do desporto, quer na promoção de apoios financeiros, logísticos, operacionais ao tecido associativo local. E, nesse sentido, nós temos hoje, 50 anos depois, um quadro desportivo completamente diferente, para melhor, daquele que tínhamos, naturalmente, quando em 1974 ocorreu o 25 de Abril.

Mas, na altura, pensou-se que poderia ser melhor, quer dizer, da mesma maneira que também há 50 anos os portugueses pensaram que Portugal ia ficar ao nível de outros países europeus numa série de setores, a esperança não foi cumprida totalmente no desporto?

Imediatamente a seguir a esse período há um governo do Bloco Central que decidiu construir escolas sem ginásios. Tem aí a resposta à pergunta que me está a fazer. Um País que toma esta decisão é inclassificável. De resto, fui professor de Educação Física durante 21 anos e, talvez durante 15 desses anos, dava aulas na rua e nos recreios.

Mas em que escolas? Da região de Lisboa?

Caxias e Miraflores. Dava aulas na rua, onde hoje é a estação da Carris. E, portanto, um País que num processo de democratização, de abertura ao mundo e à Europa, tomou a decisão de construir escolas sem ginásios não tem classificação. Sofremos as consequências.

E continuamos hoje a sofrer as consequências?

Hoje, já não. Hoje, há excelentes instalações de Educação Física por esse País fora. Mas há um problema. Há setores muito significativos da Educação Física que não gostam do desporto.

Quais?

Professores de Educação Física. O que é, de algum modo, uma reposição histórica daquilo com que o Pierre de Coubertin foi confrontado, quando ele propôs a renovação dos Jogos Olímpicos, no final do século XIX. Nessa altura, as principais oposições vieram das sociedades médicas, alegando que aquilo faria mal à saúde, e dos professores de Educação Física, centrados na ginástica voluntária, na ginástica respiratória e muito inspirados no modelo sueco. Ele teve imensas dificuldades para fazer valer a sua tese. Essa influência não desapareceu. De resto, tem o exemplo da Escola Superior de Educação Física de Lisboa que mudou de nome para Faculdade de Motricidade Humana, num exercício perfeitamente inovador à escala global, porque havia, naquela altura, hoje é diferente, uma tendência profundamente crítica relativamente ao desporto. E há escolas de formação superior onde alguns dos docentes foram responsáveis pela elaboração dos programas para o Ensino Secundário profundamente críticos relativamente a essa matéria. Nós, a seguir aos Jogos do Rio, fizemos uma reunião com todas as federações desportivas e as faculdades de desporto. Você não imagina como é que aquilo correu. Os tipos mandaram-se aos dirigentes de uma forma perfeitamente inqualificável.

Mas invocando o quê?

A seletividade, a competitividade, a alienação, a segregação, o elitismo… Enfim, um conjunto de críticas de quem não percebe o que é o desporto, a sua história, a sua evolução e, sobretudo, as dificuldades dos próprios dirigentes. Nunca mais repeti essa iniciativa, que não correu nada bem.

É também por causa disso que, sendo Portugal, segundo o Eurostat, um dos países mais sedentários da Europa, não existe um sobressalto na sociedade?

Mais grave é terem manipulado o estudo. Porque os dois únicos indicadores que nos prejudicam são a taxa de filiação associativa e a taxa de participação do movimento associativo na promoção da prática do desporto. Todos os outros indicadores, inclusive o da atividade física, inclusive o do desporto escolar, são superiores àquilo que é a média europeia. E, portanto, a construção das políticas públicas deveria incidir sobre os fatores que nos desvalorizam, que nos desqualificam e que nos colocam naquela posição, e não os outros. A prática da promoção da atividade física tem, à escala de Portugal, indicadores muito superiores à média europeia. Basta ir à rua e ver as pessoas a correr, a nadar, a andar de bicicleta. Só que isto não é desporto organizado…

… É atividade física.

… Atividade física que vai buscar alguns elementos à prática desportiva. Não é aí que está o problema, mas sim no facto de não termos um quadro associativo suficientemente robusto, capaz de acolher e desenvolver todos aqueles que, revelando disponibilidade de interesse e qualidade para a prossecução de uma carreira desportiva, o possam fazer.

E não temos esse quadro porquê?

Por insuficiência financeira e de recursos humanos. Precisamos de renovar o dirigismo desportivo, que está muito envelhecido.

Batemos sempre no ponto da insuficiência financeira…

Batemos nós e os outros setores. O desporto não é menos do que os outros, tem custos e precisa de apoios financeiros. Em especial, para os grupos sociais mais carenciados, que não têm possibilidade de agarrar nos filhos ou netos e pô-los na natação, na ginástica, no ballet, no voleibol, nas escolinhas de futebol…

Posso estar a ser injusto, mas sinto-o pessimista em relação ao futuro do desporto português…

Sou pessimista do ponto de vista da razão, mas sou otimista do ponto de vista da vontade, do sentido de alterar as coisas. E, portanto, procuro encontrar algum equilíbrio relativamente a esta matéria. Mas tenho a idade que tenho e passei por várias fases. Venho ainda do tempo da ditadura e, por circunstâncias várias, contactei de perto com vários titulares e responsáveis pela área do desporto. E, por obrigação profissional, também acompanhei sempre este setor. É natural que tenha alguma sensibilidade, umas vezes com razão, outras vezes de forma injusta, mas tenho alguma sensibilidade.

É um observador próximo desta temática há muitas décadas. Qual é a leitura que faz dessa evolução. Sentiu alguma vez que andou a pregar no deserto?

Isso sinto muitas vezes. E tenho alguma frustração, gostaria que as coisas pudessem ir por outro caminho. Da minha parte, dou tudo o que tenho, e coloco tudo o que aprendi à disposição do movimento desportivo do País. Em certos casos, com algum sucesso em outros casos sem qualquer sucesso.

Quais foram as derrotas que lhe custaram mais?

Eu tive dois momentos muito dolorosos, um do ponto de vista pessoal e outro do ponto de vista institucional. Do ponto de vista pessoal, foi a atitude que o comodoro Patrick Monteiro de Barros tomou nos Jogos do Rio, em que destratou o Comité Olímpico de Portugal por causa do vestuário oficial da missão, que era da Salsa Jeans, e que tinha sido escolhido pela comissão de atletas. As declarações públicas que ele fez magoaram-me profundamente. Eu sei que ele tem um problema pessoal comigo, relacionado com a circunstância de, por incúria pessoal, não ter declarado um medicamento que tomava para a hipertensão e ter tido uma sanção antidoping. Mas eu, pese embora as pressões políticas que tive para abafar o caso, cumpri aquilo que era a minha obrigação.

E do ponto de vista institucional?

Aquilo que se passou com o anterior titular da Agência Nacional Antidopagem, que colocou Portugal em termos internacionais pelas ruas da amargura. E que foi um processo profundamente doloroso de ser gerido. Com riscos, muito elevados, para a suspensão de Portugal na participação em competições internacionais. E que é uma história que nunca se vai escrever, quer pelas proteções que a personalidade em causa tem quer porque… já passou. Ninguém está interessado em perceber como foi possível o Estado português ter entregado uma área de tamanha responsabilidade a uma pessoa que não estava qualificada para o exercício daquelas funções.

E as vitórias que recorda?

O carinho dos atletas, o apoio da generalidade das federações desportivas e as manifestações de solidariedade que tenho recebido da parte de um número muito significativo de pessoas ligadas ao desporto.

O Estado, com exceção dos valores do Iluminismo — da igualdade, da liberdade e da fraternidade —, está hoje completamente vendido ao neoliberalismo. O Estado vive do negócio, apoia o negócio e estimula

Foi professor de Educação Física, que conselho daria aos professores de hoje?

Que estudassem a história da Educação Física. Que deixassem por uns tempos o computador e lessem.

E, com esse estudo, fazerem depois o quê com os alunos?

Em primeiro lugar, perceberem a origem da Educação Física, a origem do desporto, os seus fundamentos, não apenas de caráter sociológico, mas sobretudo de caráter filosófico. E, depois, perceberem que a Educação Física, ou a educação do corpo se quiserem, é um elemento essencial na construção da personalidade dos jovens, se bem orientada. Não é pelo simples facto de se distribuírem umas bolas às crianças que, por osmose, os valores que estão associados à prática do desporto são assimilados e interiorizados. É preciso uma ação pedagógica e essa tem de ser garantida por parte do professor.

Já disse que as autarquias foram fundamentais para o desenvolvimento desportivo do País. Também trabalhou muitos anos numa câmara municipal. Que conselhos daria aos autarcas nesta área?

Que se preocupassem com a promoção do desporto, equilibrando-a com a promoção da atividade física. A promoção da atividade física enche o olho, a promoção do desporto é complexa, difícil, trabalhosa e conflituosa. Ter 100 campos de minivoleibol ou de minifutebol no Estádio Nacional tem um grau de complexidade completamente distinto do que fechar a Avenida Marginal ao trânsito e permitir que as pessoas a usem. Sem perderem a perspetiva da promoção do estilo de vida saudável, perceberem que o desporto é um exercício complexo, trabalhoso, que exige qualificação e que pede uma intervenção mais equilibrada com as políticas de promoção da atividade física.

Também foi presidente do Instituto do Desporto, um cargo de escolha política. Que balanço faz desse período? Eu sei que foram apenas dois anos. Não deu para fazer nada?

Olhe, deu logo tempo para eu não aceitar os delegados distritais que, por acordo que havia entre o PS, o PSD e o CDS, já estavam pré-designados. Eu fiz questão de não aceitar ninguém sem previamente os entrevistar. E houve alguns que não aceitei. Deu oportunidade para uma separação de águas entre aquilo que é o Governo e aquilo que é a Administração Pública. Eu era funcionário do Estado, não era funcionário do Governo. Deu para ganhar autonomia, que me foi respeitada pelo secretário de Estado Hermínio Loureiro, para o exercício das minhas funções e das minhas obrigações. Deu-me oportunidade para pôr o meu lugar à disposição quando percebi que queriam entregar parte do Estádio Nacional aos privados.

Mas isso quer dizer que já nessa altura era contra o neoliberalismo no desporto?

Completamente. De resto, a primeira questão que coloquei ao governante foi esta: mas eu nem fui votante do PSD. Portanto, vocês estão a escolher uma pessoa que nem foi vosso votante? Disseram-me que isso não era problema, disseram-me. Depois, editei um livro em que coligi uns textos que escrevia para o jornal Record, em que manifestava posições críticas relativamente ao presidente do Governo Regional da Madeira. Ainda me perguntaram se era possível evitar a publicação. Eu respondi: não, já está impresso. E saiu. Ninguém me levantou qualquer problema. A minha autonomia foi inteiramente respeitada. Eu só tenho de dizer bem do Hermínio Loureiro, como de todos os titulares da pasta do Desporto, com uma pequena exceção, que também foi curta, que foi a do secretário de Estado de Desporto Alexandre Mestre.

Porquê?

Porque ele homologou um parecer da Inspeção-Geral de Finanças completamente assassino para o Comité Olímpico de Portugal, numa matéria em que ele é especialista, e em que nós éramos obrigados a repor cerca de meio milhão de euros, correspondentes ao período em que os meus antecessores, presidente, secretário-geral e tesoureiro foram remunerados. Matéria que está perfeitamente regulada em termos de Carta Olímpica, e em que Portugal e Andorra são as únicas exceções em termos europeus, cujos titulares não são remunerados. E, portanto, criou-nos imensas dificuldades. Isto, além de se ter envolvido numas conversações para tentar evitar a minha eleição para presidente do COP. Quanto ao resto, não tenho qualquer razão de queixa, com nenhum titular, do ponto de vista pessoal, do ponto de vista institucional. Mas com divergências políticas, naturalmente.

Quais divergências?

Temos, naturalmente, uma divergência de fundo em relação ao financiamento. Eu admito que os titulares do Desporto fazem tudo o que lhes é possível para melhorarem o orçamento. Mas os tipos das Finanças e do Orçamento estão-se completamente nas tintas para aquilo que eles dizem. E o ministro que os tutela não tem músculo suficiente para chegar à mesa e impor algo ao primeiro-ministro. Portanto, eles gerem aquilo que têm, fazem umas aritméticas e apresentam as coisas da forma que, do ponto de vista da argumentação política, lhes é mais favorável.

Acabámos de mudar de governo. Não sente diferenças substantivas?

Até à presente data, não. Não me ocorre nenhum facto político relevante que eu possa comentar. Só que tenho uma excelente relação de natureza pessoal e institucional com o secretário de Estado, dr. Pedro Dias. Mas, do ponto de vista político, não tenho ainda o que comentar.

O olimpismo criado por Pierre de Coubertin era quase uma filosofia. Acha que ainda tem essa capacidade de poder mudar o mundo?

O olimpismo hoje é um negócio.

É só um negócio?

Completamente.

Se o movimento olímpico invoca um estatuto pacificador de relações entre os povos e as nações, então não pode ficar mudo e quedo quanto ao que está a acontecer na Palestina

Já não tem presente os ideais de Coubertin?

Isso é apenas para ornamentar o discurso político. Quando nós vemos o Gianni Infantino, presidente da FIFA, como membro do Comité Olímpico Internacional a opinar sobre as grandes questões do olimpismo, fica tudo explicado. O olimpismo é hoje um negócio puro e duro, vendido aos patrocinadores, com muito dinheiro distribuído pelos comités olímpicos nacionais, e, portanto, está completamente subjugado ao neoliberalismo e ao negócio. E o exemplo mais gritante disto é essa ideia peregrina de integrar os desportos eletrónicos no sistema das práticas desportivas. Não há outra razão, que ajude a explicar esta circunstância, que não seja o negócio.

Os ideais de Coubertin foram traídos?

Esqueça isso! Esqueça isso! Quais ideais de Pierre de Coubertin? Esqueça isso! Os ideais de Pierre de Coubertin servem para pôr lá nas paredes e para invocar isto e aquilo. A maior parte dos titulares dos órgãos da decisão não é do Comité Olímpico Internacional nem tem cultura coubertiana. Não estudou o olimpismo nem se preocupa com essa matéria. Se verificar os recrutamentos que são feitos para o Comité Olímpico Internacional, o que vai encontrar são políticos ou homens de negócios. Não vai encontrar filósofos, não vai encontrar pensadores, não vai encontrar intelectuais, não vai encontrar gente que ajude a pensar o desporto e que o ajude a promover um mundo melhor e um mundo mais pacífico.

E, no atual momento do mundo, acha que estes próximos Jogos Olímpicos vão ser profundamente políticos também?

O Thomas Bach tem declarações contraditórias. Uma, que os Jogos são políticos e, outra, que os Jogos são apolíticos. Mas a melhor resposta para dar à pergunta que me está a fazer é olharmos para a posição do Comité Olímpico Internacional relativamente a Israel. Não está a acontecer nada na Palestina? Qual é a posição do Comité Olímpico Internacional? Conhece-a? Que haja uma cultura anti-Rússia da parte do Thomas Bach, por razões até de origens históricas e culturais, e por força da violação quer da trégua olímpica quer do direito internacional por parte da Rússia, você não vê algo semelhante relativamente aos israelitas ‒ que criaram um grupo terrorista chamado Hamas e o armaram, rejeitando as negociações com as forças moderadas palestinianas ‒, que estão a massacrar e a dar cabo na Palestina. Pergunto: qual é a posição do Comité Olímpico Internacional? Conhece-a? Eu não conheço.

E devia ter?

Deve ter em relação à Rússia, como deve ter em relação a todos os conflitos que violam direitos fundamentais dos cidadãos. Se o movimento olímpico invoca um estatuto pacificador de relações entre os povos e as nações, não pode ficar mudo e quedo relativamente ao que está a acontecer na Palestina. Portanto, tem de fazer o mesmo que faz o secretário-geral das Nações Unidas, que é denunciar. E, se for caso disso, castigar.

Vivemos também numa época em que o discurso xenófobo e racista se tornou mais visível. O desporto deve ser uma arma contra esse discurso?

Sim, claro.

Os atletas devem ter intervenção política?

O desporto tem uma capacidade inclusiva, como agora se diz, muito significativa. E nós observamos isso, nós olhamos para as seleções no Europeu de futebol e verificamos que há muitos atletas com origens diferentes, que estão socialmente integrados. O desporto seguramente que deu um contributo positivo ‒ e oxalá continua a dar ‒ para a inclusão dessas pessoas. Mas tendo também consciência de que, com a forma desregulada como a Europa absorveu as diferentes imigrações e com o crescimento da extrema-direita, se criaram imensas dificuldades a uma política inclusiva.

O Comité Olímpico de Portugal apoia atletas refugiados. É o sinal certo que a sociedade deve dar?

Claro, devemos fazer tudo aquilo que está ao nosso alcance para ajudar aqueles que precisam. Se há cidadãos que foram expulsos ou tiveram de fugir a guerras, Portugal, tendo condições, deve dar-lhes todo o apoio para que se sintam socialmente integrados e responsáveis perante o país que os acolhe.

Um atleta que use o palco dos Jogos Olímpicos para exprimir as suas opiniões políticas ou a defesa dos direitos humanos ou a denúncia de alguma atrocidade deve ser penalizado ou não?

Não. Os Jogos Olímpicos devem ser um espaço de liberdade e, portanto, os atletas devem ter toda a liberdade para poderem exprimir as suas opiniões, devendo, porventura, naturalmente fazê-lo em contextos próprios. Mas o princípio geral, o da liberdade de expressão, deve ser perfeitamente salvaguardado em relação aos atletas, aos dirigentes, enfim, às pessoas em geral. Era o que mais faltava que houvesse uma mordaça para que, durante os Jogos Olímpicos, os atletas não pudessem exprimir as suas opiniões.

Muito bem, quais foram os momentos mais importantes do desporto português nos últimos 50 anos?

Eu creio que os títulos internacionais que o País tem alcançado, nas mais diferentes modalidades. Para um país pequeno, com as dificuldades que temos, apesar de tudo, em algumas modalidades e em certos contextos, temos um nível de competitividade externa extraordinário. E isso deve ser valorizado, até pelas dificuldades de base com que somos confrontados.

E, em termos particulares, quais foram as vitórias que mais o marcaram?

As medalhas que alcançámos nos Jogos Olímpicos. E alguns diálogos que tive com os atletas que, por razões óbvias, ficam apenas entre mim e eles.

Alguma vez, Portugal conseguirá organizar os Jogos Olímpicos?

Durante os meus anos de vida, acho que não. A organização de uns Jogos Olímpicos envolve dimensões, escalas e valores para as quais não temos qualquer capacidade.

Há quem defenda que uma candidatura seria importante, porque obrigava o País a pensar o desporto de outra maneira, a criar planos de longo prazo.

É falar com os gregos, com os brasileiros e até com os chineses e perguntar quanto aquilo custou e para que serviu. A Grécia, então, é um caso paradigmático. Eu creio que os países ricos do Golfo Pérsico vão dinamitar completamente a organização deste tipo de acontecimentos e os petrodólares vão marcar o futuro do mundo desportivo.

Quem mensagem gostaria de deixar aos portugueses para os Jogos de Paris?

Que apoiem a missão olímpica portuguesa, que apoiem os atletas portugueses, que tenham presente que estar nos Jogos Olímpicos já não é como no passado, em que bastava ter dinheiro para pagar a participação. Participar nos Jogos Olímpicos é hoje um exercício extremamente difícil, complexo, trabalhoso, que demora muito tempo a construir. Só está nos Jogos quem já revelou um valor desportivo extraordinário. Estou seguro de que, se as coisas correrem bem, o carinho e o apoio não faltarão. Espero que, se não correrem bem, essa compreensão tenha algum peso na avaliação final aos resultados da missão.

(Entrevista publicada originalmente na VISÃO nº 1638)

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