Luis Rubiales, presidente da Real Federação Espanhola de futebol (RFEF), está a ser novamente criticado por agir de forma considerada imprópria. Primeiro, foram as imagens do presidente a dar um beijo na boca a Jenni Hermoso, durante a cerimónia de entrega de medalhas e dos abraços efusivos às jogadoras, que deram o título de campeã do mundo à Espanha, no Campeonato Mundial de Futebol Feminino, que chocaram.
Depois, as imagens de Rubiales a carregar a jogadora Athenea del Castillo aos ombros também não foram bem vistas e este gesto pode agravar ainda mais a crise em que o presidente já se encontra.
O dirigente da RFEF também foi criticado por colocar as mãos nos seus genitais e fazer um gesto impróprio, estando ao lado da Rainha Letizia e da Infanta Sofia de Espanha.
O comportamento de Rubiales no último domingo já motivou diversas críticas dos mais variados setores, entre as quais da ministra da defesa espanhola, Margarita Robles, que considerou o gesto absolutamente “inaceitável”, mostrando-se solidária com a jogadora, mas também de Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol, que considerou o pedido de desculpas de Rubiales insuficiente.
Na altura, Luis Rubiales tinha considerado uma “idiotice” censurarem o beijo que tinha dado à jogadora. Contudo, mais tarde justificou-se, garantindo ter uma “relação magnífica” com Hermoso, “à semelhança do que acontece com as outras”. Ao mesmo tempo, pediu desculpas. “Tenho de o reconhecer, depois de um momento de máxima euforia, sem qualquer intenção má, sem má-fé, aconteceu o que aconteceu, de maneira muito espontânea, sem má-fé de nenhuma das partes”, garantiu.
A Associação de Mulheres Juízas de Espanha (AMJE) pediu, entretanto, à Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) que aplique o protocolo de prevenção, deteção e ação contra assédio e abuso sexual e demita “imediatamente” o presidente, Luis Rubiales, segundo avança a Lusa, esta quarta-feira.
“O ato praticado por Luis Rubiales é claramente um comportamento sexista sobre o corpo de uma mulher, realizado sem o seu consentimento e num contexto de relações de poder desiguais que afetam a capacidade de reação das mulheres”, defendeu a associação, em comunicado.
Para as juristas, justificar este tipo de comportamento é branquear uma situação claramente sexista que viola o princípio da igualdade.
Por outro lado, advertem que, se a RFEF não agir imediatamente, não só não está a proteger uma jogadora da seleção espanhola, como está a enviar uma mensagem a toda a sociedade, “justificando e protegendo um comportamento que, infelizmente, se repete vezes sem conta: o ataque ao corpo das mulheres como se fosse um objeto”.
A AMJE também se dirigiu a Jenni Hermoso: “Não podia ter feito nada para evitar a agressão que sofreu e não tem de fazer nada, porque ela e as suas colegas de equipa já fizeram tudo, já fizeram história”.