O português Pedro Pablo Pichardo assumiu-se satisfeito com a conquista do título mundial de triplo salto, em Eugene, nos Estados Unidos, no sábado, ressalvando que ainda quer mais.
“Ainda falta ser o primeiro português a ultrapassar a barreira dos 18 metros, ainda falta bater o recorde do mundo, falta ser campeão da Europa, falta muita coisa, muita coisa, porque há sempre alguma coisa para conquistar”, afirmou Pichardo, pouco depois de juntar o título mundial ao olímpico conquistado em Tóquio2020.
O português iniciou a final com um ‘voo’ a 17,95 metros, a melhor marca mundial do ano – superando os 17,87 do cubano Jordan Alejandro Díaz – e foi com essa distança que se sagrou pela primeira vez campeão do mundo, depois do quarto lugar em Doha2019, na estreia como atleta luso, e de dois segundos lugares, nos campeonatos do mundo Moscovo2013 e Pequim2015, ainda como cubano.
“Entrei só a pensar em mim, focado em fazer um grande salto. Queria, pelo menos, ultrapassar a barreira dos 18 metros e comecei a tentar, fiquei a poucos centímetros. Voltei a tentar, no segundo, também não saiu e foi assim até ao final. O mais importante foi a medalha de ouro! E estou feliz!”, sublinhou o saltador do Benfica, cuja marca só é superada pelo recorde nacional (17,98), que bateu em Tóquio.
Depois da entrada avassaladora, Pichardo saltou 17,92, o segundo melhor de 2022, e finalizou a primeira série com 17,57. Abdicou, então, do quarto salto e terminou o concurso com 17,51, depois de um nulo, consciente de que era o mais forte em prova no estádio Hayward Field, em Eugene.
“Temos muitos anos no desporto e só de olhar conseguimos perceber se os rivais estão bem ou não. Desde a qualificação já sabia que, fazendo um bom salto, eles não iam conseguir, porque não estavam bem. Já sabia disso e aproveitei”, referiu.
O português juntou o título de campeão do mundo à medalha de ouro conquistada em Tóquio2020, em 05 de agosto de 2021, na reedição do pódio desse dia, com Hugues Fabrice Zango, do Burkina Faso, medalha de bronze em Tóquio2020, a subir ao segundo lugar, com 17,55, e o chinês Yaming Zhu, então medalha de prata, no terceiro, com 17,31.
O primeiro ‘voo’ de Pichardo decidiu o concurso, naquelas que foram a segunda e quarta melhores marcas portugueses de sempre – já tinha saltado 17,95 em Doha, em 2018 -, mas mereceu a resposta de Zango, também na primeira tentativa, com os finais 17,55, que são a sua melhor marca do ano, tal como os 17,31 de Zhu, mas na segunda.
Na primeira final do triplo com dois portugueses, Tiago Pereira não foi além do 10.º lugar, com 16,69, depois de um nulo no arranque e de 16,59 a terminar, caindo fora dos oito ‘finalistas’.
Também de fora ficou, depois de três nulos, o cubano Lázaro Martínez, campeão do mundo em pista coberta, em Belgrado, com 17,64, impondo-se então a Pichardo, vice-campeão com 17,49.
Igualmente afastado dos últimos saltos ficou também, com 16,54, o norte-americano Will Claye, que conquistou as medalhas de prata nos Jogos Olímpicos Rio2016 e Londres2012 e nos Mundiais Londres2017 e Doha2019.
O português, Zango e Zhou não melhoraram as marcas conseguidas nos primeiros saltos, algo que só o italiano Emanuel Ihemeje fez, na quinta tentativa, para subir ao quinto lugar, com 17,17, ficando atrás do seu compatriota Andrea Dallavalle, com 17,25.
Em Eugene2022, Pichardo tornou-se no sétimo português a conquistar um título mundial no atletismo, depois de Fernanda Ribeiro, Manuela Machado, Carla Sacramento, Inês Henriques, Rosa Mota e Nelson Évora, conquistando a primeira medalha para Portugal na 18.ª edição dos Mundiais e juntando este título à liderança do ‘ranking’ mundial e ao da Liga de Diamante de 2021.
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