“Ganhar é viciante. É bom, dá mais confiança. O objetivo é sempre ganhar a próxima corrida. Quero ganhar o campeonato da Europa, quero concretizar o campeonato do Mundo, estou muito próximo, mas falta o próximo. Já sou muito experiente, já tive a minha dose de derrotas, sei que vou perder muitas corridas pela frente, como é claro, mas vou passo a passo”, frisou, em conferência de imprensa realizada no auditório do aeroporto de Lisboa, após a sua chegada.
O triunfo valeu ao piloto de Coimbra, que faz equipa com os britânicos Phil Hanson e Paul di Resta no Oreca, a conquista matemática da Taça do Mundo de Resistência na classe LMP2. Para que o título seja efetivo, basta a Albuquerque alinhar à partida da última prova, no Bahrain.
Caracterizando a prova como, “por vezes, ingrata e muito difícil”, mas só quem a vive “é que começa a perceber o quão de especial Le Mans tem”, Filipe Albuquerque diz ser preciso igualmente “ter a estrelinha da sorte”, numa corrida que foi “muito disputada até ao final”.
“As coisas têm-nos corrido bastante bem nas últimas corridas, esta é a minha quarta vitória no campeonato do Mundo seguida, foi o novo recorde, mas eu só acredito após cruzar a meta. Às vezes, parece que está tudo controlado, mas não está. Esta oportunidade veio uma vez, é raro ter essa oportunidade e conseguir agarrá-la com a vitória”, sublinhou.
O português bateu a equipa Jota do outro português em prova, António Félix da Costa, com Filipe Albuquerque a considerar “especial e muito bom” estar com um compatriota no pódio.
“Temos andado desencontrados, por causa da nossa diferença de idade. A primeira vez que partilhámos um pódio ele ganhou e eu fiquei em segundo, já saberíamos que íamos ter este momento daqui para a frente e foi espetacular. Já lhe disse que ele já foi campeão do mundo este ano, tinha de deixar alguma coisa para mim”, brincou.
Filipe Albuquerque juntou este triunfo ao campeonato do Mundo de Fórmula E conquistado por António Félix da Costa e à vitória inédita de uma etapa do MotoGP por Miguel Oliveira, realçando que se está a colher o que se semeou “há vários anos”.
“Eu comecei no karting, eu e o António fomos colegas de equipa na altura, na equipa que o Pedro Couceiro e o irmão criaram para ajudar os mais novos a encaminhar pelo futuro porque, sendo apoiados, podem brilhar como os outros. Percorri o caminho das pedras e eu e o António, coincidentemente, estamos a ganhar no mesmo ano. O Miguel também não é de hoje, foi de um trabalho de muitos anos, muito investimento. Temos de ajudar, incentivar e fazer acreditar os mais novos que, bem apoiados, conseguimos chegar muito longe”, alertou.
Para o futuro, Filipe Albuquerque não baixa os braços e revelou que, durante o voo, esteve a fazer o “relatório para a equipa, a dizer o que é que se pode melhorar”, apontando para a conquista do campeonato da Europa de resistência, com a próxima corrida a disputar-se em Monza, Itália.
Uma vitória nas 12 horas de Sebring é outro grande objetivo do piloto luso, que lamentou ter de declinar a sua presença para poder efetivar o título da Taça do Mundo de Resistência, na última prova, no Bahrain.
“Tentei falar com os presidentes de cada campeonato, para ver se conseguiam alterar a data. Acho que vou ter de optar, mas o campeonato do Mundo acaba por ser mais importante. Para já, vou para o Bahrain e vou ter de pedir à minha equipa para me substituírem nas 12 Horas de Sebring este ano”, explicou, avisando que, para o ano, tem o objetivo de vencer a prova norte-americana.
O piloto de Coimbra agradeceu à família, agentes e amigos a vitória e, muito emocionado, dedicou o triunfo ao seu pai, falecido há cerca de um mês.
Esta foi a segunda vitória portuguesa na mais emblemática das provas de resistência na Europa depois de, em 2012, Pedro Lamy ter vencido a categoria GT AM.
DYRP (AGYR) // AJO