Kristin Armstrong ficou em primeiro lugar na prova de ciclismo de estrada, tem 43 anos; Anthony Ervin venceu o ouro nos 50 metros livre, tem 35 anos; a ginasta Oksana Chusovitina já participou em sete competições olímpicas, despediu-se no Rio, aos 41 anos. Das Olímpiadas de 1988 até 2016, a idade média dos atletas olímpicos passou de 25 para 27 anos, calculou o historiador olímpico, Bill Mallon.
A que se deve esta longevidade no desporto? António Veloso, professor na Faculdade de Motricidade Humana (FMH), onde é responsável pelo Laboratório de Biomecânica e Morfologia Funcional, aposta no conhecimento, como explicação. “Hoje em dia faz-se um enorme trabalho de prevenção das lesões, o que permite prolongar a carreira.”
As lesões sempre foram o ‘calcanhar de Aquilies’ da alta competição. Quer as agudas, como a que aconteceu a Cristiano Ronaldo na final do campeonato da Europa, quer as de esforço, resultantes da sobrecarga dos treinos, como é o caso da fratura do pé que sofreu Nelson Évora. “A acumumulação de carga vai causando microlesões, a nível muscular, do tendão, dos ossos. A maior parte do problemas são as lesões crónicas”, nota o especialista.
Para as evitar, é preciso otimizar o treino, conhecer as pequenas fragilidades de cada atleta e individualizar o treino. Tudo isto se tornou possível graças à evolução do conhecimento no desporto, com a ajuda das sofisticadas técnicas de imagiologia, como a ressonância magnética.
O tratamento das lesões também se tornou muito mais eficaz e célere, com a possibilidade de se usar fatores de crescimento que aceleram a regeneração de tecidos.
O especialista, que conhece bem o funcionamento dos gigantes do futebol mundial, dá o exemplo do clube Manchester City, em que cada jogador tem o seu próprio frigorífico, repleto de uma dieta ajustada às suas necessidades específicas. refere ainda aposta numa dieta direcionada para as necessidades de cada jogador. “Fazem-se análises ao sangue dos jogadores para se perceber que nutrientes lhes fazem mais falta. O que permite definir a alimentação mais adequada.”
O fator económico também não será de desprezar nesta quetsão. Principalmente no que toca às olimpíadas. Uma maior profissionalização dos atletas também terá o seu peso no prolongamento das suas carreiras, permitindo-lhes continuar a viver do e para o desporto, pela casa dos vinte, dos trinta e até dos 40 adiante.