Bem acima do que Portugal vai gastar com a Cultura em 2016, ainda longe do investimento na nova barragem de Foz Tua, o equivalente ao custo anual do Hospital de Santa Maria. Mais do que custaram as obras do CCB, da Casa da Música ou da Gare do Oriente, o mesmo que pagaram Benfica e Sporting, em conjunto, pelos seus novos estádios, uns bons milhões acrescidos ao orçamento da Câmara Municipal do Porto para este ano.
Servem estes exemplos para se ter uma ideia melhor do que valem 260 milhões de euros, a verba que, segundo a generalidade da imprensa inglesa, José Mourinho terá ao seu dispor para gastar em reforços no Manchester United.
Sem surpresa, o treinador português foi esta sexta-feira confirmado como o sucessor de Louis van Gaal no clube. E, para acabar com o jejum de títulos de campeão que dura desde a saída de Alex Ferguson, em 2013, os red devils vão ao fundo dos bolsos de modo a satisfazer as exigências do técnico.
A mais avultada passa pelo reforço de um plantel que nesta época falhou o apuramento para a Liga dos Campeões. A lista de candidatos é extensa, a acreditar nos nomes que têm preenchido as páginas dos jornais britânicos, dos avançados Ibrahimovic, Higuaín e Icardi aos centrais Varane, Garay e Stones, passando pelos jovens médios portugueses João Mário e André Gomes.
Nesta sua terceira passagem pela Premier League – a primeira fora do Chelsea -, começa já a suscitar grande interesse o regresso dos duelos com Pep Guardiola. Em Espanha, o português e o espanhol travaram uma batalha titânica à frente de Real Madrid e Barcelona, respetivamente. E agora em Inglaterra, além de rivais, serão também vizinhos, incumbidos de ressuscitar os gigantes de Manchester, United e City.
No caso dos red devils, Mourinho terá para gastar no mercado de transferências uma verba estimada em 260 milhões de euros. Justificam-se algumas comparações para melhor compreender o alcance do investimento: no Orçamento de Estado para 2016, o Governo de António Costa disponibiliza apenas 174,8 milhões para o ministério da Cultura (excluindo os 244 milhões destinados à RTP) e Rui Moreira conta com 207 milhões para gerir a Câmara Municipal do Porto ao longo de todo o ano; o Centro Cultural de Belém (200 milhões de euros), em Lisboa, ou a Casa da Música (111 milhões), no Porto, custaram menos dinheiro, assim como a Gare do Oriente (150), também na capital; fica longe dos 370 milhões de euros que serão investidos na nova barragem Foz Tua, mas equivale ao custo somado dos novos estádios da Luz (160 milhões) e de Alvalade (105) e ao orçamento anual no Hospital de Santa Maria, que juntamente com o Pulido Valente vai custar 400 milhões de euros ao erário público em 2016.
Depois dos sucessos no FC Porto, Chelsea, Inter de Milão e Real Madrid, José Mourinho garantiu uma boa quantia para mudar a cara do Manchester United e devolver o clube à luta pelo título em Inglaterra.