Foi entre os minutos 66 e 71 que o árbitro Jorge Sousa decidiu que, sem ver as duas balizas, não havia hipótese de prosseguir com o jogo entre o Nacional da Madeira e o Futebol Clube do Porto, da 13.ª jornada da I Liga de futebol. Dali para a frente, assistiu-se a um joga não joga a que os madeirenses já se habituaram na Sítio da Choupana – e a que os futebolistas do Continente aprenderam a aceitar. Após essa primeira paragem, de cinco minutos, o árbitro haveria de mandar parar entre os 78 e os 80, e ao minuto 84. Depois, esperou uma hora como mandam as regras, acabando por optar pela interrupção definitiva.
O estádio fica a cerca de 650 metros de altitude. “Quando há situações meteorológicas como as de ontem, com a aproximação e passagem de uma superfície frontal, as nuvens estão mesmo dentro do campo”, explica Vítor Prior, diretor da delegação do Instituto do Mar e da Atmosfera no Funchal. “A situação que ocorre àquela altitude é a mesma que acontece em toda a Madeira, tem a ver com a topografia da ilha – as nuvens podem descer até aos 500 metros.”
Nesses dias, quem por exemplo for passear ao Santo da Serra, tão apreciado pelos turistas, terá exatamente o mesmo problema, pois o local fica a 670 metros de altitude.
No sábado, por volta do meio-dia, já tinha sido emitido um aviso amarelo para a Madeira. Quando os “dragões” se enfiaram no avião sabiam ao que iam, mas arriscaram – e, como se viu, até valeu a pena porque o encontro ia nos 1-2 quando Jorge Sousa mandou parar (Marcano aos 6 minutos e Brahimi aos 14, depois de um golo de Willyan aos 8).
Não é a primeira e com certeza não será a última vez que um jogo no Choupana se estende por vários dias por causa das condições climatéricas. Neste complexo desportivo construído em 2000, há nuvens, chuva e frio como é, aliás, natural numa região montanhosa como aquela. Enquanto no Funchal, junto ao mar, estão uns amenos 20 graus, lá em cima a temperatura pode descer aos 14 ou menos.
Sem termos de recuar muito, em fevereiro o jogo entre o Nacional e o Vitória de Setúbal, da 23.ª jornada, seria suspenso depois de duas interrupções. Esta época, o jogo entre o União da Madeira (que também utiliza o Estádio Engenheiro Rui Alves) e o Benfica, da sétima jornada, foi adiado por causa do nevoeiro – e está agora marcado para amanhã, terça-feira. E, no final de outubro, foi o mau tempo em toda a ilha que obrigou o avião dos “dragões” a ser desviado para o Porto Santo, tendo ficado adiado o jogo da nona jornada com o União.
Agora que falta menos de uma hora para o jogo ser retomado – ficou marcado para as 12h30 – na Choupana a expetativa é a de que as nuvens vão sair do campo a tempo de o árbitro apitar para o início da partida. “O tempo aqui é volátil”, dizem, fazendo figas. Lá em baixo, no seu gabinete do IPMA, Vítor Prior não arrisca prognósticos, mas torce o nariz. “A nebulosidade manteve-se toda a noite e a previsão é de que se mantenha até ao princípio da tarde… Neste momento, as nuvens estão mesmo dentro do campo.”