A notícia foi divulgada pelos três filhos de Alain Delon, num comunicado enviado neste domingo à Agência France-Presse. “Alain Fabien, Anouchka, Anthony e (o seu cão) Loubo lamentam profundamente o falecimento do seu pai. Ele faleceu tranquilamente na sua casa em Douchy, rodeado pelos seus três filhos e pela sua família”, informaram.
Era uma morte há muito anunciada pelo “último monstro sagrado do cinema francês”, como lhe chama a agência noticiosa francesa. Há mais de dois anos que Delon tinha solicitado a um filho que providenciasse o suicídio assistido, face aos vários problemas de saúde que afetavam o pai. Em 2019, Delon havia sofrido um AVC e debatia-se há algum tempo com um linfoma, mas já muito antes ele foi sempre dizendo que não queria aparecer rugoso. “Nunca me vão ver velho e feio, porque me vou embora antes disso ou morro”, afirmou numa entrevista, ainda sexagenário.
Desde os finais dos anos 1990 longe dos ecrãs que o tornaram famoso, apenas com raras aparições após quase três décadas de reboliço, o carismático ator tinha sido notícia no verão passado, quando os filhos interpuseram uma ação em tribunal por alegado abuso de fraqueza por parte da sua cuidadora, por vezes descrita como companheira.
Na grande tela, o derradeiro momento alto aconteceu no Festival de Cinema de Cannes em 2019, quando Alain Delon recebeu a Palma de Ouro honorária. “É um pouco um tributo póstumo, mas ainda comigo vivo”, sublinhou o homem que tanto se destacou como galã ou no papel de vil criminoso, a partir da década de 1960.
Foram cerca de 90 filmes no currículo e muitos prémios acumulados, sobretudo no cinema europeu, aos quais se acrescentam mais três dezenas como produtor e dois como realizador. “Rocco e os Seus Irmãos”, de Visconti, “Em Pleno Sol”, de Clément, ou “A Nossa História”, de Blier, foram alguns dos que protagonizou.
Nascido em Sceaux, no sul de Paris, em 1935, Delon cresceu, a partir dos quatro anos de idade, quando os pais se separaram, numa família de acolhimento e, mais tarde, foi educado num colégio interno católico. Antes de abraçar a carreira na Sétima Arte, serviu na marinha e à mesa.