Nasceu em Vila Velha de Ródão em 1927 e aos 30 anos passou a viver em Paris, mantendo sempre uma ligação próxima com Portugal. “Tendo vivido em Paris desde 1957, Manuel Cargaleiro nunca deixou que o cosmopolitismo significasse desenraizamento. Prova disso é a memória das imagens e das cores da Beira Baixa na sua obra, nomeadamente a lembrança das mantas de retalhos”, pode ler-se no site da Presidência da República, numa nota de pesar de Marcelo Rebelo de Sousa publicada na manhã deste domingo, 30, quando se soube da morte, aos 97 anos, do “Mestre”, como era quase sempre tratado, Cargaleiro.
“Ceramista e pintor, mas também desenhador, gravador e escultor, Mestre Cargaleiro deixou a sua assinatura em igrejas, jardins ou estações de metro, e em inúmeras peças tão geométricas e cromáticas como as de outros artistas cosmopolitas que viveram em Portugal. Por isso, tendo estado fora décadas, continuou a sentir-se, e continuámos a senti-lo, um artista português. De Cargaleiro disse Maria Helena Vieira da Silva que possuía a técnica perfeita, a medida certa, as cores raras; e disse Álvaro Siza Vieira que evidenciava uma alegria invulgar no panorama artístico português” lê-se ainda nessa nota, que recorda que o Presidente da República condecorou o artista com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique em 2017 e em 2023, com a Grã-Cruz da Ordem de Camões. “Eu nunca quis ser muito conhecido. O que eu gostei sempre foi de trabalhar muito e de saber que havia pessoas que gostavam das peças” disse, em 2023, em entrevista à agência Lusa.
A Fundação Manuel Cargaleiro foi criada em 1990 em Castelo Branco, preparando a abertura do Museu Cargaleiro nessa cidade, em 2005. Nas redes sociais da Fundação pode ler-se esta despedida: “Hoje o céu, ganhou ainda mais azul. Partiu o Mestre! O Mestre da cor, das Cidades, das flores. Quem é transcendente, fica para sempre! Obrigado Mestre Manuel Cargaleiro por acrescentar luz, cor e poesia aos nossos dias.”