“Factum” dá título a esta mostra sobre a Revolução, que inclui ainda trabalhos ilustrativos do país, alguns deles inéditos, nas suas várias vicissitudes políticas, sociais e culturais, modos de vida e personalidades diversas, desde a década de 1950 até 2023, segundo as Galerias Municipais.
Eduardo Gageiro é autor de centenas de fotografias históricas da Revolução de 25 de Abril, tendo fixado as imagens do encontro dos militares no Terreiro do Paço, o assalto à sede da PIDE, a polícia política da ditadura, e o momento em que o capitão Salgueiro Maia percebeu que a revolução triunfara.
Reconhecido como um dos mais premiados e históricos fotojornalistas portugueses, o autor autodidata, de 88 anos, iniciou a atividade como fotojornalista em 1957 no Diário Ilustrado, colaborando também com o Diário de Notícias e o Século Ilustrado.
Organizada por ocasião dos 50 anos do 25 de Abril, a exposição – que é inaugurada às 18:00 de 26 de janeiro, e ficará patente até 05 de maio – apresenta cenas do trabalho nas fábricas, no campo, na construção civil, emigração, repressão policial do Estado Novo, manifestações populares, revolução, religião, bastidores da política, entre outros assuntos.
A fotografia mais recente da mostra foi tirada na manifestação de 25 de Abril de 2023, indica um comunicado das Galerias.
Para esta exposição, preparada ao longo de um ano de trabalho próximo com Eduardo Gageiro, foram realizadas novas e cuidadas digitalizações, tratamentos de imagem, ampliações e impressões de todas as fotografias selecionadas, a partir dos seus negativos originais, acrescenta.
A mostra, “procura dar conta da excecionalidade ética do seu olhar perante diferentes realidades e oportunidades, relevando a importância das suas imagens para uma reflexão mais ampla sobre a história recente de Portugal e sobre a fotografia enquanto índice factual de realidade, acontecimento e de vida”, sublinha a organização.
No âmbito desta exposição, será editado um catálogo com ensaio de Sérgio B. Gomes e design de Pedro Falcão.
Eduardo Gageiro, que completa 89 anos em fevereiro, recebeu mais de 300 prémios em todo o mundo, incluindo o 2.º lugar na categoria Retratos do Prémio World Press Photo em 1974, e foi condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique.
Em 2024, a programação dos cinco espaços das Galerias Municipais sob gestão da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação cultural (EGEAC) inaugura ainda a 23 de janeiro, no Pavilhão Branco, a exposição individual de Albano da Silva Pereira, “Netsuke”, com curadoria de Sara Antónia Matos, diretora das Galerias Municipais, cruzando a obra em suporte fotográfico e cinematográfico com a sua coleção de objetos e talismãs provenientes da cultura japonesa.
Na Galeria Quadrum, em fevereiro, inicia o ciclo de exposições deste ano com uma mostra individual da artista Alice Geirinhas, intitulada “Existem pedras nos olhos”, com curadoria de Ana Anacleto.
Exposições dos artistas Luisa Cunha, Andreia Santana, Délio Jasse, João Motta Guedes, entre outros, estão também em preparação, indica.
A programação deste ano acolherão um novo projeto, que passa por “convidar anualmente um artista de mérito reconhecido a intervir simultaneamente” nas cinco Galerias Municipais e no Atelier-Museu Júlio Pomar, criando para os seis espaços “Uma Obra em Seis Partes”.
Para 2024, foi encomendada uma obra sonora à artista Luisa Cunha que será mostrada/escutada nas várias galerias durante a última quinzena de abril.
As Galerias Municipais são constituídas por cinco espaços com diferentes características e localizações em Lisboa: o Pavilhão Branco (Campo Grande), a Galeria da Boavista (Santos), o Torreão Nascente da Cordoaria Nacional (Belém), a Galeria Quadrum (Alvalade) e a Galeria Avenida da Índia (Belém).
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