Tem obras em Portugal, Espanha, Itália, no Egito, na Suíça… consegue escolher uma?
Não há uma obra. Há um programa preferido, que são as casas. É muito real, muito próximo das pessoas, muito seu, o que o torna, para nós, muito estimulante. Passamos a ter uma relação muito próxima com o cliente e cada projeto torna-se único.
O Prémio Pessoa foi-lhe atribuído a si, mas fala no plural.
Sim. Sinto este prémio, em primeira instância, com o meu irmão Francisco [um ano mais novo, também arquiteto, com quem trabalha na maior parte dos projetos] e com uma larguíssima equipa. Os projetos não são individuais, têm muita gente por trás. E é ainda mais coletivo… se a arquitetura não tivesse esse papel, não faria dá-lo à arquitetura. A ideia é, também, premiar a arquitetura.
É a terceira vez, em 31 edições, que acontece, só…
Gosto desse “só”.
É curioso. Prefere “as casas” mas são os grandes projetos – a Ordem dos Engenheiros, a sede da EDP – que aparecem nos jornais.
É natural. Estabelecem-se relações íntimas entre os arquitetos e os clientes. É normal que o lado público do nosso trabalho apareça de outra maneira, tenha mais exposição.
Faz parte da linha dura de arquitetos “totalitários” que impõe um projeto ao cliente ou aceita críticas e sugestões?
O que é um projeto? É uma pergunta, uma dúvida, um problema. Nós chegamos aos projetos com os clientes. Desenvolvemos, evoluímos, até nos encontrarmos com eles.
Consegue definir a arquitetura?
A arquitetura é uma arte expectante. É uma arte que só se completa com a vida. E é, na verdade, um suporte da vida. É uma arte incompleta.