Por esta altura, John Stanmeyer está de novo em Israel, ocupado a acompanhar o projeto Out of Eden Walk, a volta ao mundo a pé que o jornalista Paul Salopek iniciou a 3 de janeiro de 2013, na Etiópia, rumo à Terra do Fogo, no Chile, onde espera chegar 34 mil quilómetros e sete anos depois. O projeto, patrocinado pela fundação National Geographic, é de fazer inveja a qualquer repórter, ainda mais a um como Stanmeyer, que pouco tem parado nos EUA. Não se estranha, por isso, o post que ele publicou no Facebook mal chegou a Telavive: “É bom regressar ao meu quarto de hotel favorito na Cidade Velha de Jerusalém, com os seus 4 metros e meio e um cobertor de tigre falso.”
O fotógrafo estivera fora cinco dias. Viajara até Amesterdão para receber, de fato novo, o World Press Photo do Ano 2013, que ganhou com a imagem de um grupo de emigrantes africanos, na costa de Djibouti, a tentarem apanhar rede com os seus telemóveis. Uma imagem “mágica” porque “traz à cabeça os assuntos [importantes] de uma maneira subtil e poética”, resumiu a fotógrafa sul-africana Jillian Edelstein, membro do júri. Uma imagem “de esperança”, disse o britânico Gary Knight, presidente do júri e, por coincidência, cofundador da agência VII, a que também pertence Stanmeyer: “Não faço ideia do que o fotógrafo queria representar, não faço ideia do que estes homens estavam a pensar, neste momento, mas nós, os jurados, sentimos isso.”
É muito raro acontecer, mas aconteceu que os membros do júri do concurso de fotojornalismo mais importante do mundo não tiveram dúvidas de que Sinal merecia o prémio do ano, além de ter sido premiada na categoria de Temas Contemporâneos. Terão sentido mais dúvidas nas restantes categorias. Afinal, estavam a concurso 98 671 imagens, enviadas por 5 754 fotógrafos, de 132 nacionalidades, todas elas mostrando-nos o mundo como ele é. Para nossa sorte, as melhores podem agora ser vistas, até ao dia 25 de maio, no Museu da Eletricidade, em Lisboa (encerra a 1 de maio).