<#comment comment=”[if gte mso 9]> Normal 0 false false false MicrosoftInternetExplorer4 <#comment comment=”[if gte mso 9]> <#comment comment=”[if !mso]> <#comment comment=”[if gte mso 10]> O filme tailandês que ganhou Cannes visto pelo próprio autor. E suas aparições, alucinações, aparências e transparências
A sua cinematografia é curta mas a reputação internacional tão longa quanto o seu nome ou o título do seu filme. Apichatpong Weerasethakul venceu a Palma de Ouro em Cannes, com o inclassificável O Tio Boonmee Que Se Lembra Das Suas Vidas Interiores. Mas antes de realizador ele é um artista plástico e não se importa nada que chamem “extra-terrestre” a esta digressão (ou regressão) lírica de um homem em estado terminal e seus delirantes fantasmas. Pelo contrário, até gosta.
VISÃO: O Seu filme tem fronteiras tão evanescentes, tão enigmáticas e surreais que às tantas temos a sensação de que não somos nós que vemos o filme mas o filme que nos vê a nós…
APICHATPONG WEERASETHAKUL: Nunca ninguém me tinha dito isso. É um ponto de vista muito interessante porque sempre senti isso em relação às artes visuais mas não ao cinema. Para mim o cinema é simplesmente uma janela. E uma janela muito poderosa, pode transformar-se em tudo, num verdadeiro monstro.
O que mais impressionou os críticos do mundo inteiro foi a impossibilidade de colocar rótulos no filme. Mas todos os autores tem as suas linhagens e referências. Quais são as suas?
Sinto-me desconfortável ao definir a minha maneira de pensar. Penso que isso limita as possibilidades. Só sei que gosto de todos os géneros cinematográficos.
Era mesmo a sua primordial intenção, fazer algo completamente diferente, único e nada óbvio?
Não. O meu objectivo é canalizar os meus sentimentos particulares de qualquer forma possível. Não acho que os meus filmes sejam inventivos. Eles têm sempre referências a algo que me aconteceu a mim, à minha experiência. Eu simplesmente adapto-a.
Apesar da estranheza o filme também gera ondas de encantamento. Como explica isso?
Talvez porque eu adoro essas memórias. Elas são o que eu quero recordar, nem que seja a ideia de uma certo tipo de raio de luz. Certas pessoas sintonizam-se com elas. Muitas não.
Irrita-o se se disser que o seu filme parece extra-terrestre?
Não, eu adoro mistério e coisas sem sentido e é tão bom ouvir esse comentário.
A desacelaração de O Tio Boonmee contrasta imenso com a hiperactividade desta época…
Esse é o meu tempo. Eu já não posso seguir o pensamento do meu sobrinho, por exemplo, quando jogamos jogos de computador.
Considera que Tim Burton ter presidido ao Júri de Cannes contribuiu para ter ganho a Palma de Ouro?
Respeito-o muito, ainda mais sabendo como é Hollywood. Ele é um dos poucos que consegue criar o seu próprio mundo dentro dessa máquina gigante.
Prefere considerar esta obra como um filme do passado, do presente ou do futuro?
Eu diria que é um filme de tempo híbrido
Porque é que os vivos do seu filme enfrentam fantasmas e aparições com tanta serenidade?
É assim que me recordo a forma como as personagens reagiam nos filmes antigos e nos livros de BD. Para mim, as suas acções irradiam tristeza e prazer ao mesmo tempo. E é assim que vejo a minha infância.
Esta é uma história de vida com morte dentro ou uma história de morte com vida dentro?
O filme trata a morte de uma maneira não muito diferente da vida. Não como um fim, mas apenas mais uma experiência nesta infindável jornada. Logo, a morte é um subproduto da vida.