O público vai ser convidado a fazer o filme de abertura do Monstra 2011, festival de cinema de animação, que decorre no Cinema São Jorge, de 21 a 27 de março. O projeto é de uma dupla do Japão, que, juntamente com a Holanda, é o país convidado deste ano. Em concurso estarão oito longas-metragens e, entre sessões, workshops e masterclassses, o festival espera aumentar o seu público. O JL falou com o diretor, Fernando Galrito, que promete animar a cidade.
JL: Colocam como objetivo levar o Monstra a mais de 32 mil pessoas. Numa época de crise, como é que isso se faz?
Fernando Galrito: Apresentando um programa aliciante, que consiga abarcar todas as faixas de público. Percebe-se logo pelos países convidados. A Holanda tem uma produção de grande qualidade, que já ganhou alguns oscars. O Japão, em que fazemos um encontro entre gerações, com um grande estúdio de cinema, que é o Ghibi, com a estreia em Portugal de duas longas-metragens de Miyazaki (o autor de A Ciagem de Chihiro). Assim como os oito filmes em competição, que podem interessar a todo o tipo de público.
Mas vão literalmente ao encontro do público…
Sim, há um grupo japonês que vai fazer um workshop de rua. Estarão sábado, dia 19, às 18 horas, no Jardim da Estrela e à noite no Bairro Alto. Vamos munir 150 pessoas com uma lanterna colorida e, usando um software específico, vamos fazer todos um filme de animação, que depois será exibido na abertura do festival. É uma forma de viver por dentro a magia da animação.
Procuram novos fronteiras?
Há um conjunto de formações que podem interessar tanto às pessoas da animação, como às das artes ou até de outras áreas. Por exemplo, vamos ter uma masterclass de Georges Sifianos que interessará particularmente a pessoas ligadas à arqueologia. Ele vai falar dos baixos relevos que encontrou no Pantheon da Grécia que sugerem uma relação de desconstrução do movimento. A partir dali, fez uma animação. E através duma pontuação encontrada no local construiu a banda sonora.
A ideia é sempre abrir os horizontes e mostrar outros formatos possíveis.
Um dos nossos slogans é “a animação para além do ecrã”. A animação para nós também é esta convergência entre imagem em movimento e outras artes. Tentamos alargar muito o leque, para convencer outras pessoas a gostar e animação.
O ano passado Portugal foi o país tema. Este ano de que forma a animação portuguesa está representada?
Temos a exposição de Dodu, de José Miguel Ribeiro, já em exibição no Museu da Marioneta; outra comemorativa dos 20 anos da Animamostra, que é a mais antiga produtora portuguesa, que tanto faz filmes de autor como séries. E ainda a competição de estudantes, que além das escolas portuguesas, recebemos alguns trabalhos vindos de portugueses que estudam em escolas estrangeiras.
Também haverá um espaço próprio dedicado aos mais novos. Quais as novidades do Monstrinha?
Achamos que devemos criar hábitos nos mais novos desde cedo. Além dos programas que compomos para os diversos grupos etários, realizamos alguns workshops. Decorre ainda até ao final de Junho, com o apoio da Comissão para as Comemorações do Centenário da República, um conjunto de 40 workshops por todo o país.