É mais um filme sobre boxe na já longa tradição americanas de histórias passadas entre os ringues, o saco de pancada, as luvas, o protector de dentes e muita pancadaria. Apesar de cumprir muitas das convenções, como a do boxeur que por detrás da brutalidade do desporto (devemos chamar-lhe assim) até tem bom fundo e um coração, além de uma namorada (há sempre uma namorada) de quem gosta muito…, o filme tem um registo formal interessante, começando como um documentário que é rodado sobre um boxeur decadente, que já teve os seus dias, mas muito popular no seu bairro e desloca-se surpreendentemente para o mundo do crack, da toxicodependência, delinquência e prostituição. E depois há uma mãe incrível (a actriz Melissa Leo, nomeada para Melhor Actriz Secundária e que já ganhou o Globo de Ouro) e um bando (bando é a palavra justa) de irmãs que funcionam como um background familiar algo sinistro e explorador dos irmãos boxeurs. E sobretudo há Cristian Bale, nomeado para Melhor Actor Secundário, cada vez mais camaleónico, que de actor mais sexy do planeta se converte aqui neste filme num tipo desdentado, agarrado ao crack, e com aquela hiperactividade e luz nos olhos que os toxicodependentes costumam ostentar.
– Prós Conseguiu todos as nomeações major, excepto a de melhor actor: três melhores actores secundários, melhor realização, melhor argumento original, melhor edição e melhor filme
– Contras Apesar das nuances que fazem deste um filme de boxe diferente, fica muitos pontos abaixo se comparado com obras maiores do género