Imagine-se que desatávamos todos a escrever cartas a José Sócrates ou a Cavaco Silva. Em vez de perdermos tempo nas filas das Finanças, da Segurança Social, Loja do Cidadão ou Caixa Geral de Depósitos, sentávamo-nos à secretaria e, tranquilamente, endereçávamos uma carta ao primeiro-ministro ou Presidente da República, na insólita esperança que ele a lesse, e, num acesso de boa-vontade e compreensão nos resolvesse o problema.
O Presidente do Irão, Mahmud Ahmadinejad, recebe diariamente milhares de cartas. Ele próprio, com a sua demagogia e populismo, incita a que lhe escrevam. E as pessoas escrevem-lhe numa espécie de crença, onde se confunde politica, religião e idolatria pagã. Como é que Ahmadinejad tem a capacidade de responder a uma boa parte delas é para muitos um mistério.
Este filme, de Petr Lom, revela o percurso deste subscritos, levados em enormes sacos, até a um gabinete criado especialmente para lhes dar resposta. É impressionante a sua dimensão e capacidade de resposta.
Mas Letters to the President não fica por aqui. Filmado antes das mais recentes eleições iranianas e respectivos tumultos, mostra as diferentes perspectivas da questão, desde daqueles que escrevem a Ahmadinejad, a outros, mais esclarecidos, que denunciam o populismo e os abusos de poder do líder. Um presidente que não sabe ler a vontade do povo.
Este filme passa amanhã, 16, às 18:30, no Cinema Londres e repete, dia 21, às 16:30, na Culturgest
