A guerra lançada pela Rússia à Ucrânia e a maior frequência de eventos meteorológicos fora do normal mostraram a urgência de se conseguir uma maior independência energética e de acelerar a transição para uma economia de baixo carbono. Portugal tem já um bom histórico no que diz respeito à aposta em renováveis, e um dos grandes projetos é o sistema eletroprodutor do Tâmega, desenvolvido pela empresa espanhola Iberdrola, com um valor de investimento de €1 500 milhões. É uma das maiores infraestruturas hidroelétricas construídas na Europa nos últimos 25 anos, e foi destacado pelo The New York Times como tendo a possível solução para resolver uma das maiores dificuldades da transição energética: o armazenamento de energia.
Além da dimensão colossal desta infraestrutura, composta por três barragens e outras tantas centrais hidroelétricas, o que torna o projeto do Tâmega uma espécie de caso de estudo é o seu gigante sistema de armazenamento. “As centrais hidroelétricas de bombagem, como é o caso da Gigabateria do Tâmega, são a única tecnologia capaz de armazenar eletricidade de forma massiva e eficiente”, afirma Rafael Chacón. O diretor deste megaprojeto explica que “estas centrais, que funcionam como um ciclo fechado, permitem o armazenamento de energia durante os períodos em que há sobreprodução no sistema” e são a “solução ideal para gerir o excedente de produção renovável, servindo como backup às fontes de energia intermitentes”. Quando há muita eletricidade no sistema, usa-se essa disponibilidade para bombear água da albufeira de Daivões para a de Gouvães, que têm uma diferença de 650 metros de diferença de altura. Já quando é preciso injetar mais eletricidade no sistema, aproveita-se aquele desnível para turbinar a água em caminho inverso, produzindo energia.