Ao abrigo do direito de resposta vem a APIGRAF apresentar a presente exposição, relativa à notícia “Em defesa da imprensa, alerta à democracia”, publicada nessa publicação a 12 de dezembro de 2025, na qual se refere o seguinte: “A crescente degradação da indústria de impressão e a progressiva asfixia das cadeias de distribuição são dois fatores que colocam Portugal em sério risco de, muito em breve, ficar sem acesso à imprensa escrita em vastas áreas do seu território. Para muitas das nossas publicações, a principal forma de assegurar a regularidade do contacto com o público passa, já hoje, por imprimir em empresas espanholas. Isto com todas as dificuldades e constrangimentos inerentes, além do prejuízo para a economia nacional.”
A APIGRAF representa em Portugal, entre outras, as empresas que imprimem jornais e revistas.
O texto em causa, que merece a credibilidade inerente à publicação numa coluna de “Opinião”, começa por se referir à “crescente degradação da indústria de impressão”, emparelhando-a com o tema da distribuição para colocar externamente razões de uma crise na imprensa que concordamos existir e para a qual a indústria de impressão em nada contribuiu.
Com efeito, as empresas de impressão são unidades industriais geridas de forma necessariamente profissional. Não há “degradação” neste setor da indústria gráfica. O artigo em análise refere uma opção consciente e estratégica destes clientes das empresas gráficas pela produção pontual fora do território nacional. Não porque as empresas nacionais não dêem resposta, antes pelo contrário: se a edição impressa chega às bancas a tempo, ao esforço da indústria gráfica nacional o deve. E bem sabem muitos jornais o quanto as empresas gráficas com quem trabalham sempre os apoiaram, mesmo nos momentos mais críticos. O que pode haver, sim, é a opção destes clientes de não lhes encomendar a produção; mantendo esta estratégia tempo suficiente, e conhecendo a exigência técnica e económica dos equipamentos de produção dos jornais com que todos convivemos ao longo dos anos, a opção de impressão no exterior redundará evidentemente na asfixia das empresas que imprimem os jornais. Estas empresas são vítimas, não agentes da situação elencada. E é também verdade que o recurso a empresas espanholas, como referem, causa “prejuízo para a economia nacional”: mas tal decorre da opção dos signatários do artigo de opinião, nada tem a ver com as empresas de impressão nacionais.
A APIGRAF está naturalmente disponível para analisar com os signatários o tema e colaborar, no que possa, para a resolução de um problema que a todos afecta e preocupa, e cujas repercussões sociais justificam, de facto, um “alerta à democracia”. Mas não pode deixar de se insurgir contra o teor de duas aparentemente irreflectidas menções às indústrias que representa que, feitas por quem tem obrigação de dominar as subtilezas da escrita, se revela particularmente incorrecta, ingrata e ofensiva.
José Manuel Lopes de Castro
Presidente da APIGRAF