O deputado do Chega Miguel Arruda agradeceu, publicamente, nas redes sociais, ao neonazi Mário Machado pelas “ações” que levaram ao cancelamento do concerto de uma artista brasileira, que se iria realizar no âmbito da Fexpomalveira, que se realiza entre 13 e 18 de agosto, na freguesia da Malveira e São Miguel Alcainça, município de Mafra.
“Não tenho problema nenhum em vir publicamente agradecer pelo alerta que deixaram e pelas vossas ações na Malveira. Da nossa parte (Partido Chega), fizemos também tudo o que estava ao nosso alcance através da concelhia, a quem quero também dar os parabéns”, escreveu, na rede social X (antigo Twitter), o deputado do partido radical populista, em resposta a uma publicação de Mário Machado sobre o assunto. Miguel Arruda, eleito pelo círculo dos eleitores, indica ainda que também a concelhia de Mafra do Chega “fez o que estava ao alcance” para que o desfecho fosse este.
A mensagem de Miguel Arruda surge em resposta a um vídeo publicado na conta “Racismo Contra Europeus”, que é seguida por mais de 27 mil utilizadores, e é gerida por Mário Machado. Durante um minuto e meio, o neonazi português admite ter sido o Grupo 1143 – grupo de extrema-direita que Machado lidera – a pressionar a organização do evento para que o espetáculo fosse cancelado, e prometeu repetir a dose noutros eventos em Portugal.
“Conseguimos impedir que a MC Pipokinha (…) viesse atuar em Portugal. O Grupo 1143 iniciou uma campanha, a nível nacional, de pressão junto da [Junta de] Freguesia da Malveira, para que este espetáculo, pelo menos com esta cantora, não se realizasse”, diz Mário Machado. “Temos um recado para todas as autarquias deste país: vamos estar atentos”, acrescenta.
A atuação da brasileira MC Pipokinha – nome artístico da brasileira Doroth Alves, de 25 anos, que se tem destacado num subgênero musical conhecido como “funk ousadia” ou “funk picante”, que se baseia em letras com conotação sexual – estava agendado para 14 de agosto, no Pavilhão Multiusos da Malveira, durante o evento After-Hours, no âmbito da Fexpomalveira.
A direção da Fexpomalveira anunciou o cancelamento nas redes sociais, justificando a decisão com o facto de “não estarem reunidas as condições para a realização do espetáculo”.
As ligações de Mário Machado, o mais conhecido neonazi português, ao Chega têm sido públicas ao longo dos anos. Com um longo cadastro criminal (já passou mais de uma década atrás das grades), Machado, 47 anos, tem acompanhado com entusiasmo o crescimento do partido radical populista. Após a eleição de André Ventura para a Assembleia da República, em outubro de 2019, anunciou, através do YouTube, a suspensão do seu projeto político (a NOS – Nova Ordem Social, justificando a decisão com o aparecimento de “um partido novo (…) [que tem] aglomerado grande parte dos nacionalistas portugueses e da direita”.
Desde então, tem apelado ao voto no Chega em todas as eleições, considerando que este é o “único partido da história” da democracia portuguesa com um discurso político que se aproxima do que designa por “nossas ideias”.
