O PSD de Miguel Albuquerque venceu as eleições regionais na Madeira, mas falhou a maioria absoluta (a última foi em 2015). O Juntos Pelo Povo (JPP) de Élvio Sousa foi o outro grande vencedor da noite, depois de o partido fundado na freguesia de Santa Cruz ter consolidado o estatuto de terceira força política na região.
Apurados os resultados finais, o PSD conquistou 36,1% dos votos, elegendo 19 deputados, longe dos 24 necessários para a maioria absoluta (a Assembleia Legislativa da Madeira tem, recorde-se, 47 assentos) – apesar da vitória, este é o pior resultado do PSD na Madeira.
Miguel Albuquerque tem agora de alcançar consensos. Os anteriores parceiros de governo não serão, desta vez, suficientes: o CDS-PP elegeu apenas 2 deputados (com 4,0% dos votos) e o PAN voltou a eleger apenas a deputada Mónica Freitas (1,9%). Na reação aos resultados, Albuquerque admitiu “estar disponível para dialogar com todos os partidos”, não esclarecendo se pretende encontrar uma solução de governo ou, em alternativa, acordos de incidência parlamentar.
A segunda força mais votada foi o PS, repetindo o resultado de 2023: com 21,3% dos votos e apenas 11 deputados eleitos. Paulo Cafôfo falha todas as previsões de crescimento nas urnas, somando nova derrota (estrondosa). O líder do PS/Madeira não se deu, porém, como derrotado, anunciando, nesta noite, que iria iniciar contactos uma vez que “PS e JPP juntos têm mais votos que o PSD”.
JPP que confirmou os cenários mais otimistas. O partido viu reforçado o número de votos e de deputados eleitos para a Assembleia Legislativa da Madeira: 16,9% dos votos e 9 deputados, mais quatro do que em 2023. O ex-presidente do governo regional, Alberto João Jardim, considerou mesmo que o partido liderado por Élvio Sousa foi “o grande vencedor da noite eleitoral”.
No arquipélago, o JPP já era visto como o provável “fiel da balança”, capaz de garantir condições de governabilidade. Antes das eleições, corria nos bastidores o cenário de um acordo com o PS de Paulo Cafôfo. Agora, PSD e JPP até podem formar governo sozinhos (com um total de 28 deputados). A hipótese não foi, para já, descartada.
Outro dos grandes derrotados da noite foi o Chega. Apesar da presença constante de André Ventura no arquipélago, o candidato Miguel Castro ficou-se pelo quarto lugar, com 9,2% dos votos e quatro deputados eleitos, mantendo os resultados obtidos há um ano (tinha tido 8,8% e elegido os mesmos quatro deputados em 2023). Ainda assim, o Chega ainda pode constituir-se como “peça” importante numa eventual “geringonça” à direita: PSD, CDS e Chega somam 25 deputados no Parlamento madeirense. E Miguel Albuquerque sempre rejeitou “linhas vermelhas” que impedissem uma solução de governo estável. O problema é outro: André Ventura afirma que não vai fazer acordos com Albuquerque, que carrega o (pesado) estatuto de arguidos num processo de corrupção.
Destaque ainda para a IL, que conseguiu 2,6 dos votos, mantendo o deputado único. Bloco de Esquerda e CDU falharam a eleição para a Assembleia Legislativa da Madeira.