Constelações de satélites como a Starlink, da empresa espacial de Elon Musk, a Space X, pretendem levar Internet de alta velocidade a zonas remotas do globo, mas para já estão a pôr em causa o trabalho de vários astrónomos.
Um relatório do workshop Satellite Constelations 1 (Satcon1) descobriu que estas constelações de satélites luminosos vão alterar significativamente a astronomia ótica e infravermelha, alterando a aparência do céu noturno.
Após pouco mais de um ano do lançamento dos primeiros 60 satélites da Starlink para órbita, 250 astrónomos, operadores de satélites e simples defensores das “noites escuras” publicaram uma pesquisa que permitiu compreenderem os impactos de constelações de satélites de grande escala, como a Starlink.
Estes satélites observáveis da Terra estão a dificultar observações para fins científicos, tendo até confundido vários cidadãos que já julgaram ter avistado objetos não identificados quando, afinal, não passavam destas constelações.
A Space X tem agora como objetivo lançar mais 30 mil satélites, de modo a acelerar os serviços de Internet.
Mas os cientistas revelam uma grande preocupação, dizendo que só a Starlink sozinha pode duplicar o número de objetos em movimento presentes no espaço detetáveis a olho nu.
Algumas medidas a serem aplicadas para prevenir estes impactos nos céus passam por tornar os satélites mais escuros, mantê-los a uma distância baixa, orientá-los de modo a refletirem menos luz solar e, sendo apontada como a melhor opção pelos astrónomos, simplesmente não lançar mais satélites.
A SpaceX revelou ao The Independent ter trabalhado com o Observatório Nacional de Radioastronomia Americano e com o Observatório Green Bank de modo a minimizar o impacto dos satélites. Foram aplicadas estratégias para reduzir a visibilidade destes, pintando-os de preto e alterando a posição dos seus painéis solares de modo a não refletirem tanta luz.
Tony Tyson, professor da Universidade da Califórnia em Davis, diz que uma das estratégias discutidas com a SpaceX foi de tornar os satélites da Starlink dez vezes mais escuros, de modo a diminuir os rastros deixados pelos satélites.
“Contudo, mesmo que isto resulte, os rastos continuarão completamente visíveis nos nossos dados – prejudicando análises de dados e limitando assim descobertas”, explica.