A imagem de uma criança de 4 anos, com um diagnóstico de suspeita de pneumonia, a dormir no chão da enfermaria do hospital de Leeds, em Inglaterra, inflamou a discussão em torno da falta de investimento no serviço público de saúde do Reino Unido.
Sarah Williment, 34 anos, contou ao tabloide Daily Mirror que decidiu deitar o filho no chão, em cima de casacos, numa tentativa de o manter confortável até haver uma cama disponível na enfermaria do Leeds General Infirmary , o que só aconteceu cerca de quatro horas depois.
A fotografia, que fez a manchete do mesmo jornal, tornou-se uma arma de arremesso na disputa eleitoral e suscitou uma campanha de desinformação.
Nas redes sociais, várias pessoas começaram a partilhar a fotografia alegando que seria falsa.
Tudo terá começado com um tweet de uma suposta enfermeira do hospital de Leeds, que nem sequer sabia escrever corretamente o nome da unidade de saúde, mas que alegava que a foto seria encenada pela mãe da criança. Seguiram-se outras publicações de supostos profissionais de saúde que refutavam a imagem, mas também de outros utilizadores que ajudaram a partilhar esta informação falsa milhares de vezes.
O próprio hospital de Leeds veio confirmar o caso, e a veracidade da fotografia, e pediu desculpas à família publicamente.
Inicialmente, também circulou o boato de que o adjunto do ministro da Saúde britânico, Jamie Njoku-Goodwin, teria sido agredido durante o protesto de uma centena de manifestantes do Partido Trabalhista aquando da sua visita ao hospital, na sequência deste caso.
No entanto, foi tornado público um vídeo que mostra um pequeno de grupo de manifestantes e, na verdade, o governante foi acidentalmente atingido por homem que esticava os braços.
O impacto do caso não se ficou pela desinformação. O atual primeiro-ministro britânico, e candidato à reeleição pelo Partido Conservador, Boris Johnson, recusou-se a olhar para a imagem durante uma entrevista televisiva ao canal ITV, o que se tornou num dos episódios mais badalados da campanha.
Quando o repórter que o entrevistava lhe quis mostrar a fotografia no seu telemóvel, Boris Johnson guardou o telefone no seu próprio bolso para evitar a discussão do caso. Mas acabaria por olhar para o retrato e por dizer que era uma imagem “terrível, terrível”, pedindo desculpa “à família e a todos aqueles que tiveram más experiências no serviços de saúde”.
Já o líder dos Trabalhistas, Jeremy Corbyn, brandiu a capa do jornal durante um comício e apresentou-a como prova do desinvestimento do Governo no serviço de saúde britânico.
As eleições britânicas realizam-se hoje, 12.