Há interpretações variadas para o facto de Portugal ter inúmeras mulheres nas direções partidárias. E depois, há a de Pedro Arroja. “Qual o significado da ascensão generalizada das mulheres nas direcções partidárias? É um sinal da degenerescência dos partidos”, escreveu ontem no seu blogue Portugal Contemporâneo o economista gestor de ativos e comentador regular do Porto Canal.
“O moderno partido político é uma organização sectária por excelência, como o nome indica, e uma descendência directa da seita protestante. Todas as grandes seitas do protestantismo foram fundadas e mantidas por homens (frequentemente padres católicos) e os grandes partidos políticos tiveram a mesma característica”, desfia. Para concluir: “A razão é que o espírito masculino é mais sectário do que o espírito feminino, os homens são mais sectários do que as mulheres, sendo estas mais comunitárias do que aqueles. Elevar mulheres à direcção de partidos é enfraquecer o espírito partidário”.
Em novembro do ano passado, Pedro Arroja saltou para a ribalta por causa de uma série de opiniões polémicas que foram alvo de enorme contestação nas redes sociais. O homem ultraliberal que elogia Salazar e chama “esganiçadas” às deputadas do Bloco de Esquerda, devoto da monarquia absoluta e que pensa que os negros trabalham menos porque gostam de sexo, não se inibe de voltar agora à carga com mais uma opinião sexista. “Eu sei que dizer que as mulheres são diferentes dos homens é hoje em dia muito impopular. É muito impopular mas é verdade”, remata no texto que partilhou.
Mas Arroja encontra, porém, uma exceção: Angela Merkel. Diz ele que a chanceler “é filha de um pastor luterano – a mais sectária das grandes correntes protestantes – e aprendeu o sectarismo em casa”. “Pelo contrário, no muito católico Brasil, o PT de Dilma Rousseff pode bem vir a desfazer-se em breve”, vaticina. Tudo por culpa, certamente, daquele par de cromossomas xx.