Se é para aumentar o salário mínimo, então terá de haver contrapartidas, como a descida do preço da energia e da taxa social única (TSU). Esta foi a mensagem que os industriais do setor têxtil passaram ao ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, que prometeu discutir as medidas no seio da concertação social.
Os industriais têxteis temem que o aumento do salário mínimo possa provocar uma perda de competitividade num momento em que o setor surge com um grande potencial exportador (€4,8 mil milhões em 2015, prevendo chegar aos €5 mil milhões este ano). “Não esperávamos que fosse um aumento tão significativo e sem qualquer contrapartida”, disse à VISÃO Paulo Vaz, diretor geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP).
A questão é que, na ótica dos empresários, atualizar o salário mínimo vai obrigar a reatualizar todos os outros escalões, provocando um aumento da massa salarial que pode pesar nas empresas. A descida do preço da energia (agora que o petróleo desceu para os 30 dólares) e a descida da carga fiscal poderia ser formas de compensar perdas e manter o custo unitário do trabalho, sem perder a competitividade que tem reforçado um setor fundamentalmente exportador.
Necessidade de financiamento
“Se não tivermos economias competitivas não temos emprego”, reforça Paulo Vaz, que sublinha ainda a necessidade de continuar a “investir de forma expressiva” na inovação. Daí que seja pedido também um novo sistema de incentivos, para que algumas empresas possam reforçar os seus capitais próprios. Uma necessidade que afeta muitas das pequenas e medias empresas que constituem o setor têxtil.
“A banca tem mais dinheiro e taxas de juro mais baixas, mas o apoio ao investimento das empresas é cada vez mais seletivo. O dinheiro só chega às maiores, e a maioria continua a ter grande dificuldade no acesso ao crédito”. Paulo Vaz lamenta o facto de a Instituição Financeira de Desenvolvimento (vulgo Banco de Fomento) não ter ainda capacidade para injetar dinheiro nas empresas, que era o verdadeiro motivo da sua constituição. “Este é um bloqueio e um motivo de preocupação entre os industriais, pois há muito pouco dinheiro a chegar às empresas”.