“Portugal é hoje o país da União Europeia com mais emigrantes em proporção da população residente.” Esta é a primeira de muitas conclusões do relatório estatístico 2015, divulgado hoje pelo Observatório da Emigração. O número de portugueses residentes no estrangeiro, refere o documento, supera os dois milhões, o que significa que mais de 20% dos portugueses vive fora do País.
Outra conclusão: este indicador acentuou-se nos últimos anos, com a emigração portuguesa a crescer mais de 50% entre 2010 e 2013, tendo estabilizado (segundo os dados provisórios relativos a 2014) nos 110 mil emigrantes portugueses ao ano. É certo que, com exceção do período de 2007 a 2010, a emigração não tem parado de crescer desde o início do século XXI, devido à “estagnação do crescimento económico” que “se seguiu à entrada no euro, a consequente pressão depressiva sobre o investimento público e o aumento do desemprego”. A questão é que desde 2010, “a emigração passou a crescer mais do que antes da crise”, fazendo com que Portugal tenha deixado de ser o país de imigração que vinha sendo, desde 1974, para se tornar, “de novo, um país de emigração.”
Não se pense, no entanto, que se trata de uma fuga massiva de cérebros porque “embora se observe um crescimento da proporção dos mais qualificados” (“a percentagem dos portugueses emigrados com formação superior a residir nos países da OCDE praticamente duplicou, passando de 6% para 11% entre 2001 e 20011”) a verdade é que “predominam, entre os portugueses emigrados, os indivíduos com baixas e muito baixas qualificações”.
Apesar de a maior comunidade portuguesa no estrangeiro se encontrar em França, é para o Reino Unido que os portugueses mais têm emigrado, recentemente (foram 30 mil em 2013 e 31 mil em 2014). E, o que as terras de Sua Majestade recebe não são emigrantes tradicionais. São jovens (dos emigrantes do ano passado, 63% tinham entre 18 e 25 anos), aprofundando o problema da demografia, e qualificados (em 2011, a percentagem de emigrantes com ensino superior, muitos deles acabados de receber o diploma em enfermagem, atingia os 38%).