Há poucas coisas que uma reunião à mesa não resolva. Males de amor, desavenças de família, desentendimentos comerciais, amizades deslaçadas, desânimo acumulado… Tudo isto parece menos definitivo depois de um encontro para partilhar uma boa refeição e um copo de vinho. Todas as revoluções começam na rua e terminam à mesa, diz-se em Itália. Sim, a mesa é vida. E é amor, é partilha, é aconchego, é alegria, é satisfação.
A mesa é também cultura. O que comemos faz de nós quem somos. “Somos fado, somos bacalhau, somos Ronaldo”, disse Marcelo Rebelo de Sousa em setembro perante uma plateia de emigrantes portugueses no Canadá. Por cá, foi criticado por quem, na sua bolha lisboeta, não faz a mais pálida ideia da importância essencial de um bacalhau com todos ou de um pastel de nata quando se vive há anos no estrangeiro, longe de Portugal. Numa dentada, consegue-se voltar a casa dos pais ou dos avós, é-se teletransportado num segundo para paragens distintas só à força de um tempero.
Uma mesa pode ser um espelho de uma sociedade ou de uma família. Denuncia fartura ou escassez, proximidade do mar ou interioridade, imaginação ou comodismo, trabalho ou preguiça, egoísmo ou generosidade. Diz-me o que comes, dir-te-ei quem és, eis uma tirada certeira.
Nesta edição, a PRIMA andou pelas mesas de Portugal a petiscar e a aprender. Partilhou mesa com Ljubomir Stanisic e os seus amigos e correu o seu roteiro dos 20 restaurantes favoritos, foi até Évora, à serra do Mendro e ao Norte, provou chocolates, bolos e petiscos, testou receitas, facas e utensílios, descobriu restaurantes étnicos, alimentos do futuro e suplementos. Fechamos a edição de papo cheio. Deguste-a connosco.
Editorial da PRIMA 22
A revista já chegou às bancas e está também à venda na loja da Trust in News, sem custos adicionais de portes.