É um livro de não ficção, que se lê, em certos momentos, como se de uma narrativa de ficção se tratasse. Como a política pode influenciar a cultura pop? Como os políticos podem beneficiar das artes? Como uma geração pode quebrar com o que foi feito anteriormente? Como encarar uma era de mudança, em que o desconhecido mundo digital prometia arrasar com o analógico? A forma como o James Brooke-Smith, professor de inglês e crítico literário, atravessa a década de 90, num período ligeiramente alargado, que vai desde a queda do Muro de Berlim em 1989 aos atentados terroristas do 11 de Setembro de 2001, é impressionante.

Em 15 capítulos consegue tocar em todas as esferas, com base em exemplos que apesar de parecerem longínquos na história são bastante próximos e fizeram parte de um período formativo de muita gente. “A minha intenção é explorar o que aconteceu entre estes dois acontecimentos definidores de uma época”, diz, logo no arranque. E assim, saltitando entre a filosofia, a história, a política e a cultura televisiva, musical e artística vai abrindo portas e analisando a forma como certos momentos foram definidores dos anos vindouros e fundearam alguns temas ainda hoje em discussão, como a globalização, as armas de fogo nos Estados Unidos, os movimentos culturais independentes, os possíveis vícios do mainstream, entre muitos outros.
Da transmissão televisiva da Operação Tempestade no Deserto à série Baywatch, da massificação das viagens de mochila às costas ao filme Point Break (daí a fotografia deste artigo), do suicídio de Kurt Cobain à ascensão política de Bill Clinton, das ambições da Geração X ao percurso da empresa AOL, Brooke-Smith agarra o leitor do princípio ao fim do livro.
Os Delirantes Anos 90 está publicado pela Objectiva, e custa €21.95