A ideia de transmitir a voz de uma pessoa surgiu no século XIX, com a invenção do fonógrafo. Em 1877, quando Thomas Edison inventou o fonógrafo, imaginou um dispositivo que pudesse reproduzir música. No entanto, a correspondência também era encarada como uma prioridade. Edison pensou que a sua invenção poderia ser vantajosa face às cartas manuscritas, a forma de comunicar mais comum no final do século XIX.
O gramofone, um aparelho posterior ao fonógrafo desenvolvido pelo engenheiro alemão Emile Berliner, forneceu uma primeira possibilidade de o som ser gravado e utilizado na comunicação em longas distâncias, tornando assim possível a gravação e reprodução de discos. O primeiro registo conhecido a ser colocado no correio, como meio de correspondência, foi enviado no início da década de 1920. Contudo, o hábito de enviar mensagens de voz difundiu-se apenas entre 1930 e 1940.
No começo da década de 1940, a empresa americana Mutoscope lançou a máquina Voice-O-Graph que popularizou fortemente o envio de áudios nos Estados Unidos. Concebida por Alexander Lissiansky, a Voice-O-Graph era uma estrutura de madeira, com um formato idêntico ao de uma cabine fotográfica, que continha um letreiro onde se li: “Record your own voice”.
Estas cabines de gravação foram então comercializadas e instaladas em diversos locais, nomeadamente parques de diversões, atrações turísticas e transportes. Chegou até a haver uma máquina Voice-o-Graph no topo do Empire State Building. Os utilizadores entravam nas cabines e inseriam moedas, tendo depois alguns minutos para gravar as mensagens. Gravam-se em discos de 45 rotações por minuto, leves o suficiente para serem enviados por correio. Porém, tinham um custo ligeiramente elevado, comparativamente, às tradicionais cartas.
Com o intuito de comunicar com familiares e amigos, as pessoas gravavam mensagens de voz maioritariamente, quando estavam em viagem. Esta situação era muito comum durante a Segunda Guerra Mundial, onde havia cabines de gravação em bases militares, possibilitando aos soldados recorrerem ao correio de voz para tranquilizar os entes queridos. Na época, era frequente as famílias reunirem-se à volta dos gira-discos para ouvirem as mensagens que chegavam do exterior. Tal como havia mensagens para os familiares, também havia “cartas de amor em áudio”, refere Jordan Salama num artigo publicado na National Geographic. “Muitas das mensagens enviadas do estrangeiro, expressam saudade”, acrescenta o autor.
Ao longo da história, os linguistas históricos parecem particularmente interessados nas mensagens de voz, pois fornecem “algumas amostras de como as pessoas comunicavam” bem como, outros aspetos relevantes, nomeadamente: “o vocabulário, a pronúncia” e até a “entoação”, afirma Jordan Salama.
Na década de 1960, serviços como o Voice-o-Graph deixaram de estar na moda. Contudo, o fenómeno dos áudios ocupa um lugar significativo na história da comunicação global, prologando-se até aos dias de hoje. “O que estamos a recuperar agora são os resquícios da história dos média, uma prática cultural que era omnipresente, tendo sido esquecida” , afirma no mesmo artigo Thomas Levin, professor da Universidade de Princeton que mantém o único arquivo do mundo dedicado ao correio de voz.
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