A comida é de rua, o espaço é o oposto. É um restaurante sólido, a ocupar uma esquina cheia de sol em Picoas, com grandes janelões e uma boa esplanada, bastante procurada por estes dias de primavera antecipada em Lisboa. E não se pense que é apenas para almoços ou jantares: as tardes têm sido populares para comer uns uns gangnam crispy chicken, isto é, pedaços de frango crocante marinados, com especiarias caseiras, ou uns nem rolls de tofu, com um molho vietnamita nuoc cham e ervas frescas, acompanhados, por exemplo, por uma limonada infusionada de gengibre ou por um copo de vinho. Aberto das onze da manhã às onze da noite, o Street Chow cumpre a função de servir bem, rápido e bom.
O restaurante abriu no final do verão, a marca é mais antiga. Contar a sua história é também contar o percurso do fundador, o franco-sueco Bertrand – “sou francês, vivi na Suécia, sinto-me mais europeu” – desde sempre um apaixonado por cozinha asiática. “Trabalhei em vários restaurantes em França, tanto como cozinheiro como na copa, viajei muito na Ásia e aí tive mais contacto com essa gastronomia, que lá é muito de partilha”, explica, enquanto narra algumas experiências em países como a Tailândia, onde viveu seis meses, antes de se instalar com a mulher na Suécia – “ela é de Estocolmo”. Quando o segundo filho nasceu, em 2018, tiveram vontade de embarcar numa aventura e mudaram-se para Lisboa. “Adorei logo a comida, adoro as vossas tascas, queríamos um país com sol”, reflete.
Em Portugal trabalhou na exportação de vinhos naturais para a Suécia, enquanto planeava abrir um negócio próprio de restauração. E não nasceu um, mas quatro, todos online, a apostar no mercado do delivery. O Pthai, tailandês, o Basag, com hambúrgueres e fast food de inspiração coreana, e o Grain, com comida de inspiração vietnamita, e o Street Chow, a agregar estes conceitos. “Fizemos as receitas com alguns cozinheiros asiáticos e tínhamos uma cozinha de produção nos Anjos. Apesar da concorrência, construímos uma boa comunidade”, conta.
Três anos depois, Bertrand decidiu tornar a experiência do Street Chow mais abrangente, com um restaurante de rua, que faça parte também da comunidade local. “É um bstrô asiático, mas com alma portuguesa.” Recebeu e ainda recebe alguns clientes que já conheciam a marca, mas tem tido muita gente nova a experimentar as receitas da casa. Entre os pratos mais vendidos estão o Bo Bun de camarão ou frango, uma massa fria de arroz, o Umami Burger, com frango crocante coreano, maionese de chili, pickles caseiros, couve branca e batata frita, a Crispy Chicken Bowl, com frango crozante e arroz com sésamo, ou o Pad Thai. Há ainda noodles no wok, caris diferentes e até um ramen. “E tentamos usar alguns produtos portugueses, como o leitão da Bairrada e frescos do Mercado 31 de Janeiro.” Para acompanhar há sumos e limonadas, mas também cocktails de inspiração asiática. A decoração é nórdica, há um balcão para refeições a solo (ou não) e ideias de expandir o Street Chow para outros bairros de Lisboa.
Rua Tomás Ribeiro, 20, Lisboa / 93 118 4195 / seg-dom 12h-22h45