Os tons terra da decoração marcam o tom daquilo que se prova num dos novos restaurantes de Santos-o-Velho: cogumelos. Muitos (perdoe-se o clichê), de variadas espécies, durante o outono e início do inverno apanhados frescos (sobretudo, mas há exceções), mas agora já com os cozinheiros a pensar na aposta em desidratados. O Black Trumpet, tradução direta de Trompeta Negra – um cogumelo rico em nutrientes e com um sabor forte e característico e está presente, por exemplo, no spaghetti com tinta de choco, limão, queijo parmesão e pinhões –, é um dos novos restaurantes do Reîa Collective. Um projeto do grupo dos empresários Sacha Gielbaum e Emil Stefko, que já deu à Grande Lisboa o restaurante de praia, loja, espaço de eventos Casa Reîa, abriu este templo de cogumelos há alguns meses e está também à frente do Convento, o antigo A Travessa, na Madragoa, sobre o qual a PRIMA contará mais em breve.
O restaurante fica no coração de Santos-o-Velho, onde em tempos existiu o Lulu, um pub bonito, mas tem um estilo bem diferente – do antigo espaço ficou apenas o chão antigo. O menu está a cargo do chefe brasileiro Pedro Henrique Lima, que aposta numa cozinha de terroir, com forte componente vegetal, e os cogumelos a marcarem presença em quase todos os pratos. “Trabalhamos com o mínimo desperdício. Com as aparas dos cogumelos fazemos, por exemplo, alguns dos caldos”, explica. E os ditos caldos tanto fazem parte do couvert, onde há um caldo de shitake fermentado e manteiga de trompeta negra e avelã para acompanhar pão de fermentação natural; como das feijocas, um prato à base de feijoca, caldo de cogumelos, bacon de eringhi (cogumelo ostra), puré de couve-flor e pickles de cenoura e coentros. Vale ainda a pena provar o mush and chips, uma brincadeira com cogumelos enoki panados e batatas fritas; os gnocchi de queijo fresco, ervilhas, beurre blanc de vinho do Porto Branco e cogumelos; e o polvo grelhado, cozido em dashi, com shimeji branco, vegetais grelhados, ajo blanco e algas marinhas. O preço médio ronda os €40.
Numa viagem pela carta do restaurante, aberto apenas para jantar à semana e com um menu de brunch ao fim de semana, encontram-se algumas espécies de cogumelos, dos shimeji aos juba de leão, dos Cantharellus tubaeformis aos cogumelos pé de carneiro (o staff saberá explicar cada um deles), que vêm de diferentes fornecedores, entre eles a NÃM, que usa borras de café para a produção de cogumelos, a Fungi-fresh, de Braga ou o Sítio dos Cogumelos, em Amarante.
A meia luz da sala convida a que se chegue cedo, com tempo para beber um cocktail de assinatura, a partir de fórmulas que também levam cogumelos – estranho, mas saboroso –, em versões com álcoo, de baixo teor alcoólico ou totalmente sem álcool. Mais: apostam ainda em lattes adaptogénicos, que ajudam à resistência do corpo, perfeitos para acompanhar o brunch. Este é servido à carta e tem desde simples croissants a ovos mexidos com trufas negras, tostas de cogumelos juba de leão com pesto e uma panqueca com matcha e frutos vermelhos.
Um sítio diferente, com um menu para quem gosta de arriscar em pratos novos, mas também de aprender mais sobre cogumelos, em workshops e eventos privados que vão sendo anunciados no site.
Calçada Ribeiro Santos, 31, Lisboa / 91 505 9586 / seg-qui 18h-00h, sex 18h-01h, sáb e dom 10h-01h, brunch: sábado e dominho 10h-15h.