Quem domina o Cais do Sodré está familiarizado com uma zona da cidade nem sempre aproveitada pelos locais, para lá da linha de comboio, mesmo em cima do rio Tejo. A Crack Kids, loja e galeria do universo da street arte, percebeu o potencial da zona há alguns anos e estabeleceu-se ali com um projeto já bem consolidado. Agora, a zona de restauração foi entregue ao casal Pedro Abril e Margarida Roseiro. Ele, chefe das MUSA da Bica e Marvila (neste último, onde passa boa parte do tempo), ela fundadora de duas marcas, a Moleke, de sapatos, e a Mimimoon, de acessórios. “O grande desafio foi pensar num restaurante para funcionar dentro de uma loja de grafitis”, explicam. Daí terem acrescentado o prefixo ‘Club’ ao nome Crack Kids, e funcionarem nos mesmos horários da loja. “O nome aponta para um sítio que junta malta das artes, da música e do skate. Queremos trazer de volta algumas tribos de Lisboa, que já circularam por aqui”, acrescenta Pedro.

Conhecido pela forma descomplicada como encara a cozinha, Pedro Abril teria muitos caminhos culinários para seguir. Acabou por inspirar-se na imagem criada pelo designer Phomer, para o logótipo, num retro japonês, e daí nasceu a ideia de fazer sanduíches japonesas com base na famosa Katsu Sando. “O pão é sempre um brioche vegan da Slow Bakery, da Charneca da Caparica”, explica, e dentro dele pode caber o mundo. Para já tem uma de frango frito, bastante popular, uma de couve-flor, com sweet chilli e pickles, outra com salada de ovo, um hambúrguer com cheddar versão sando e, claro, a de porco, com presa ibérica (os preços começam nos €6.50). De entradas há mexilhões fritos e pimentos padrón com molho de sésamo, de sobremesas uma bolo de banana vagano, com toffee de manteiga de amendoim e uma cookie com manteiga noisette. “A cozinha é pequena, queremos que a carta não seja confusa”, frisa Margarida, que por estes dias tem estado a cozinhar no restaurante.

O espaço abriu dia 1 de abril, de forma bem discreta, e tem estado a receber essas tais tribos que já conhecem a mais-valia de passar um bom bocado em cima do rio. Há lugares no interior e na esplanada, há café de especialidade da Buraca Roasters, cervejas da MUSA em garrafa – “as edições mais especiais” – e imperial tradicional à pressão. É sobretudo um sítio para passar um bom bocado e isso sente-se, mal se entra na loja-restaurante.
Rua da Cintura do Porto de Lisboa, Armazém A Porta 20 / segunda a sexta das 10h às 21h, sábado das 11h às 21h