São dez escolhas no universo da hotelaria que inauguraram em Portugal em 2022. Douro, Alentejo, Lisboa, Ericeira, para uma noite a dois, umas férias em família ou sair à noite (sim, existe), é escolher uma das novidades desta lista.
Por: Florbela Alves, Mariana Correia de Barros, Sandra Pinto, Susana Lopes Faustino, Susana Silva Oliveira
Immerso
Ericeira
À Ericeira, destino por excelência de amantes do surf, faltava um hotel cinco estrelas. O Immerso, inaugurado este verão, veio preencher essa lacuna, com um projeto lindíssimo, integrado na paisagem, onde o luxo está nos pequenos detalhes: de serviço, de decoração e de conforto. É uma aposta familiar com selo português, inicialmente pensada para ser uma guesthouse, mas que cedo cresceu para um edifício moderno, onde as linhas do mar se refletem nos interiores, trabalho arquitetónico de Tiago Silva Dias, integrado num vale verdejante, com a Praia de São Lourenço ao fundo, a pedir uma caminhada. Há 37 quartos de diferentes categorias, um spa com sauna, banho turco e banho sensorial, salas de massagens e tratamentos com a marca Vinoble Cosmetics, uma piscina exterior e dois restaurantes com consultoria do chefe Alexandre Silva, onde os produtos do mar, os vegetais e a técnica do fogo estão bem presentes. Os artesãos portugueses estão representados em diversas peças espalhadas pelo hotel, como os painéis de Diana Cunha, as peças em gesso de Iva Viana e os ouriços de madeira de Paulo Reis (curiosidade: designer d’A Nossa Prima).
Rua Bica da Figueira, Santo Isidoro / 261 104 420 / quartos a partir de €280
Ryokan
Viseu
A primeira hospedaria típica japonesa do nosso País abriu discretamente na rua que, em tempos, foi a mais comercial da cidade, a Rua Direita. Na receção, chamam à atenção os dois relógios a indicarem a hora portuguesa e a do Japão. Um chá verde é oferecido à chegada, enquanto é pedido que se troquem os sapatos por uns chinelos “para que sintam em casa”, explica uma das mentoras do projeto, Tânia Bernardo. Com uma decoração minimalista, os sete quartos duplos dispõem de camas com um colchão futon (feito em algodão), chão forrado com tatami (tapete de palha entrelaçada) e um yukuta (kimono) para cada cliente vestir. Um spa com sauna a recriar um onsen (banhos termais japoneses), e uma fatia de kasutera (pão de lá japonês) servido ao pequeno-almoço levarão qualquer um até ao Oriente.
Rua Direita, 143 / 91 387 1419 / quartos a partir de €80
Aethos
Ericeira
Edificado no topo de um penhasco e, como tal, com uma belíssima vista para o mar, o novíssimo Aethos, do grupo internacional homónimo, inaugurou no outono na Ericeira, com um conceito que junta bem-estar, surf e luxo. Casam? Muitíssimo bem. A arquitetura e o design de interiores são totalmente modernos, pensados pelo gabinete de Barcelona Astet Studio e pelo arquiteto português Luís Pedra Silva, numa junção de cores quentes, do azul Atlântico – a seguir a linha da paisagem – , com madeiras, pedras e mármore. Tem 50 quartos de diferentes tipologias, um spa com hamman, piscina, ginásio e serviço de massagens, aulas de ioga e também de surf, para diferentes níveis. As zonas comuns estão cheias de recantos mais sossegados, sendo obrigatória uma pausa no deck exterior, com acesso direto ao restaurante ONDA, onde a cozinha criativa com produtos frescos e locais (peixe e bons vegetais) se destaca.
Rua da Estalagem, Encarnação / 261 244 510 / quartos a partir de €200
Hotel das Amoreiras
Lisboa
O homem sonha, a obra nasce. Com muito trabalho pelo meio e, reconhece Pedro Oliveira, o fundador, “um quê de loucura”. Fascinado pela hotelaria desde novo, entrou, conheceu e usufruiu de dezenas de hotéis pelo mundo fora – tantos quantos o trabalho na banca, quase sempre no estrangeiro, o permitiu. Quando decidiu voltar com a mulher, Alicia Valero e os filhos para Lisboa, apostou num projeto próprio, em dois edifícios recuperados no encantador Jardim das Amoreiras. Chamou-lhe, claro, Hotel das Amoreiras. Com 19 quartos, dois deles suítes, este boutique hotel é um reduto de sofisticação e elegância, a fazer lembrar uma casa de campo inglesa, cheia de bonitos detalhes, todos pensados por Pedro. Desenhou móveis, comprou fotografias para as paredes dos corredores, estudou até a posição das tomadas e o resultado nota-se nos pormenores. Tem um pequeno-almoço de luxo, serviço à lá carte e aberto a passantes. E, seguindo o exemplo do dono, vale a pena aqui passar. E entrar.
Praça das Amoreiras, 34 / 21 163 3710 / quartos a partir de €250
The Vine House
Tabuaço
Na Quinta São Luiz, perto do Pinhão, uma casa de família foi reconvertida em alojamento. Um lugar com uma vista do outro mundo para as vinhas e o rio Douro. E a dois passos do troço mais cénico da Estrada Nacional 222, pincelado por incontáveis tons de verde. Erguida num socalco, a The Vine House tem 11 quartos, batizados com nomes das parcelas de origem da propriedade, e vistas largas para as margens do rio. A diferença está também no ambiente acolhedor, nas cores suaves, madeiras texturadas e pormenores sofisticados. Ou seja: nas fotografias a preto e branco, no azulejo cor de vinho ou nas diversas experiências, como o piquenique nas vinhas. Mas são, especialmente, as varandas e o terraço rasgados sobre a paisagem vinhateira e as curvas do rio que deslumbram.
EN 222, Adorigo / 254 407 965 / quartos a partir de €120
CASA VILLAE 1255
Sátão
A Quinta da Taboadella, no Dão, reconverteu uma casa senhorial em pedra, em alojamento. A Casa Villae 1255 (a data remete para o ano em que foram encontrados os primeiros registos da quinta com 41 hectares, em Silvã de Cima, adquirida pela família Amorim em 1998), só pode ser alugada por inteiro para que melhor se vivencie o Dão. Com rés do chão e dois pisos, tem oito quartos com casa de banho privativa, um dos quais com seis camaratas, pensado para crianças (contas feitas, a casa tem capacidade para 19 pessoas), várias salas de estar, uma grande cozinha equipada, onde é deixado um cesto com mercearia de boas-vindas, e uma cave de vinhos. A decoração de interiores foi pensada ao pormenor por Ana Vale, por forma a contar a história do lugar: bancos, cadeiras e fundos de cama feitos das típicas mantas de papa produzidas em Maçaínhas, serra da Estrela; peças em burel, cerâmicas de Maria do Amparo; antigos louceiros de madeira e leiteiras em zinco. A pedido, servem um brunch ou um menu de degustação, na longa mesa da sala decorada com um painel têxtil assinado pela João Bruno Design.
Silvã de Cima / 232 244 000 / 96 711 6877 / €3 000/casa para 19 pessoas (duas noites)
Palácio Ludovice Wine Experience Hotel
Lisboa
Os tetos em reboco, as janelas bordadas a pedra, as paredes de azulejos azuis e brancos e a escadaria majestosa ajudam a contar a história deste palacete, edificado no século XVIII, em 1747, que foi residência de João Frederico Ludovice, arquiteto do rei D. João V e responsável pelo Convento de Mafra. Defronte do Elevador da Glória e do Miradouro de São Pedro de Alcântara, o edifício sobrevivente ao terramoto de 1755 foi transformado em hotel de luxo pelo arquiteto Miguel Câncio Martins. O Palácio Ludovice Wine Experience Hotel conta com 61 quartos e suítes, ora com vista para o jardim vertical ora para Lisboa e o seu casario. Há vários recantos que merecem uma visita: o bar de cocktails clássicos e de autor, com entrada independente, o day spa da marca francesa Caudalie, na porta ao lado, onde é possível fazer tratamentos faciais e corporais baseados na vinoterapia, a loja do Instituto do Vinho do Porto, dedicado à promoção dos vinhos produzidos no Douro, e o restaurante Frederico, com uma ementa dedicada aos sabores portugueses e franceses.
Rua de São Pedro de Alcântara, 39-49 / 21 151 3850 / quartos a partir €220
Casa do Gadanha
Estremoz
Em Estremoz, os donos da célebre Mercearia do Gadanha abriram um turismo de habitação, onde o conforto se alia à gastronomia. Michele Marques e o sócio, Mário Vieira, abriram a Casa do Gadanha, numa das ruais mais centrais da cidade, com 12 quartos, todos diferentes entre si. Fica num edifício senhorial, característico da região, e da casa original, manteve-se o que foi possível salvar: algumas portas com vidros de várias cores, os azulejos que vemos em várias zonas, as pias em mármore e as grades em ferro, entre outros pormenores. Tudo o que foi posto de novo é “o mais local possível”, escolhido a dedo por Michele, por forma a dar o máximo de conforto aos hóspedes. Ruben Trindade Santos, marido de Michele e também ele chefe de cozinha, faz questão de preparar os pequenos-almoços, servidos numa sala de estar luminosa; no terraço, com vista para a cidade, há uma carta de snacks e bebidas e no restaurante, no rés do chão da casa e com grandes janelas para a rua, dá-se o pecado da gula, numa cozinha de partilha com bom produto alentejano.
Rua Vasco da Gama, 2-6 / 268 249 790 / a partir de €140 (restaurante: qui-seg 12h30-15h, 19h30-22h30)
Mama Shelter
Lisboa
Escolha-se um quarto de tamanho S, M ou L, entre os 130 disponíveis, e é sempre certo que a surpresa fará parte da estada no irreverente Mama Shelter Lisboa, perto do Largo do Rato, o primeiro hotel em Portugal da cadeia francesa Mama Shelter. Nos quartos, as máscaras de Homem-Aranha e de Darth Vader convidam à diversão, há um duche, onde cabe mais do que uma pessoa, e a televisão disponibiliza filmes gratuitos, incluindo para adultos. Assume-se “um restaurante com quartos por cima” e a decoração deixa-nos de cabeça no ar, seja pelo teto desenhado pelo artista francês Beniloys, seja pelas colunas com azulejos da Viúva Lamego. O restaurante é ponto de encontro de hóspedes e passantes, assim como o rooftop que, de forma informal e animada – é esse o espírito do Mama –, socializam entre um prato de Mama’s Coquillette, um cocktail António Variações e um jogo de matraquilhos.
Rua do Vale Pereiro, 19/ 21 054 9899 / a partir de €89 (sem pequeno-almoço)
São Brás do Regedouro
Évora
A 20 quilómetros de Évora, na pequena aldeia de São Brás do Regedouro, onde ainda residem 70 pessoas, há um projeto turístico que convida a viver o espírito daquela comunidade alentejana. “A primeira coisa que fizemos foi reunir com os habitantes para nos conhecermos e explicar qual era a nossa ideia”, contam Vítor Ribeiro e o filho, Ricardo, que recuperaram 15 casas e as transformaram para turismo (dez T1, dois T0 e três T2), seguindo a traça original e mantendo os pormenores que as tornam diferentes entre si. As casas estão dispersas pela aldeia, onde há um forno comunitário, em que se fazem workshops de pão, e um tanque, ideal para uma pessoa se refrescar no verão. No exterior, há esculturas em ferro de António Tomás, canteiros com ervas aromáticas, árvores de fruto, caminhos para descobrir a pé e duas antigas cabanas onde se conta a história e a riqueza da terra.
São Brás do Regedouro, Évora / 92 649 4291 / quartos a partir €85