Os bichos de Bordalo II estão espalhados por inúmeras paredes de Portugal e do mundo, fazendo cair o queixo a quem se cruza com eles. Através da sua muito criativa trash art, o artista nascido Artur Bordalo – e que foi capa da segunda edição d’A Nossa PRIMA –, tem usado os mais variados resíduos plásticos para construir animais em larga escala e chamar a atenção para o impacto da poluição na vida do planeta. Na nova exposição a solo, inaugurada a 8 de outubro no Edu Hub Lisbon, na Avenida Marechal Gomes da Costa, junta aos plásticos uma série de novos e inusitados materiais, sobretudo desperdícios. O nome Evilution, explicou, é um conceito duplo que representa a evolução da humanidade e a do seu trabalho, e está organizada em cinco grandes momentos, explicou na apresentação à imprensa, na véspera da abertura.
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A viagem inicia-se com aquilo a que Bordalo II chama de uma retrospetiva dos seus primeiros trabalhos, mas com novos bichos, feitos a uma escala melhor. “É um momento mais acolhedor, que vai ao meu início.” Há as peças que imitam na perfeição os animais verdadeiros, onde arames servem para fazer bigodes e a pintura ajuda a criar uma perspetiva de peças 3D; há as famosas peças ‘half-half’, metade em plásticos coloridos, metade com pintura; e ainda as peças totalmente plásticas, onde abandona a camuflagem e que têm um aspeto mais industrial.
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No segundo momento, “uso materiais que fazem parte da natureza e são resíduos alterados pelo homem: madeira e pedra”, conta. A estreia com esta nova matéria faz-se com escolhas de madeiras vindas de demolições de edifícios (portas, paredes, chão, portadas) e com pedras que vêm de desperdícios de pedreiras. “Há uma repetição da estética usada com os plásticos, com resultados e expressões diferentes. E são materiais bem diferentes de trabalhar, em termos de corte.” Quanto aos bichos apresentados, são personagens de ecossistemas habitualmente destruídos pela necessidade de obter madeira ou construir pedreiras.
O terceiro momento é a entrada numa nova era de trabalho, com uma série de peças impressionantes, de animais em grande escala, e sobre as quais mantemos alguma discrição de forma a manter o efeito surpresa. Chama-se ‘píxeis’, parte da junção de objetos de utilização única (ler: lixo). Exemplos? Usam-se beatas de cigarros e latas de tinta. Estas últimas um excedente do próprio artista desde sempre e que juntou depois de ter lançado um desafio a vários street artists (mais ou menos legais): “ofereci uma lata de tinta a quem nos trouxesse 20 vazias”.
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O quarto momento é uma espécie de pausa para adquirir um livro da exposição e da obra do artista. O quinto, uma surpresa chamada ‘rewild’, que nasceu em tempo de confinamento. “Usei a magia do universo do graffiti para pôr animais a ocupar as cidades, que estavam desocupadas pelos humanos.” Serviu-se de néons e leds para iluminar plásticos finos, arames, mangueiras e outros materiais, transformados em peças de contorno, que juntas proporcionam um momento de adrenalina e admiração pelo trabalho criativo de Bordalo II.
A exposição fica no Edu Hub Lisbon, na Avenida Marechal Gomes da Costa, 19, até dia 11 de dezembro, de quarta a domingo, das 14h às 20h. A entrada é gratuita