Já conduzimos o 508 Peugeot Sport Engineered. É este o significado do PSE na denominação do modelo. O mais poderoso Peugeot de série lançado até ao momento, com uma potência total de 360 cavalos (e 520 Nm de binário). Mas, como referiram os responsáveis da marca francesa durante a apresentação à imprensa, “os tempos são outros e agora mais importante que o desempenho é a eficiência”. É por isto que a Peugeot recorreu à arquitetura híbrida plug-in. Uma solução já implementada pela marca em outros modelos. A grande diferença do 508 PSE é que junta não um, mas sim dois motores elétricos ao motor a gasolina: um motor elétrico frontal de 81 kW (110 cavalos), um motor elétrico traseiro de 83 kW (113 cavalos) e um motor a gasolina 1.6 de 200 cavalos. Se está a fazer contas e a pensar “isto dá mais de 400 cavalos, não 360”, tem razão. Mas, como é habitual nos híbridos, a potência total é inferior à soma das potências dos diferentes motores por razões relacionadas com a gestão energética.
Pudemos verificar que o 508 tem um comportamento que pode ser apelidado de desportivo num primeiro contacto que tivemos entre a zona de Lisboa e Sobral de Monte Agraço. Um percurso que contemplou autoestrada e estradas sinuosas pelas serras da zona oeste. A disponibilidade mantém-se elevada, mesmo quando a bateria atingiu um valor mínimo, isto porque o carro faz uma gestão para garantir sempre energia na bateria q.b. para quando o condutor acelera a fundo. Não há milagres e esta gestão significa recorrer mais ao motor a gasolina para produzir energia para recarregar a bateria, mas pareceu-nos uma gestão eficiente. Claro que, com uma condução mais agressiva, os cerca de 2 l/100 km tornam-se numa miragem, mas, mesmo nesta situação, não nos parece que o consumo fique próximo dos valores que veríamos num carro com 360 cavalos extraídos de um motor térmico.
Um carro: 5 estados de espírito
Nas estradas mais curvilíneas, a tração integral faz muita diferença: sentimos o carro a puxar-nos na direção para onde apontámos o volante. Sente-se bem quando ativamos o modo Sport, um modo que conjuga os vários motores para máxima disponibilidade – há outros quatro (Híbrido, Conforto, 4WD, Elétrico). Os pneus de baixo perfil e a suspensão afinada para privilegiar a dinâmica fazem-se sentir nas costas. Não se pode dizer que este 508 seja confortável quando o piso é irregular, embora também não seja propriamente um desportivo duro. Há um modo Conforto, mas a diferença no que diz respeito à suspensão, apesar de existir, não nos pareceu muita. Não se pode ter tudo e para quem privilegia o conforto há outros 508. Este é mesmo mais para quem valoriza o dinamismo e sabe que já não faz sentido ter desportivos que ‘emborcam’ muitos litros aos 100. Felizmente, já vivemos em outros tempos onde as marcas, por obrigação ou por intenção, procuram a tal eficiência. Mesmo em carros que, como o 508 PSE, são criados para dar emoções fortes aos condutores. O modo Elétrico é a melhor solução para o dia-a-dia. Apesar de, neste modo, a aceleração não ser tão forte, o bom binário e a tração integral garantem um desempenho satisfatório. O maior problema é que a bateria dificilmente permitirá, em condições reais, mais de 40 a 45 km de autonomia em modo 100% elétrico. É esta a maior crítica que fazemos ao 508 PSE: a Peugeot deveria ter sido mais ambiciosa na capacidade da bateria, que mantém os mesmos 11,8 kWh de capacidade do 508 Hybrid anteriormente lançado. Pelo que sabemos, trata-se de uma limitação de espaço – o 3008 plug-in, por exemplo, tem uma bateria com mais um módulo, o que resulta em mais de 13 kWh de capacidade. De facto, o 508 tem um perfil baixo, mas que faz falta mais autonomia elétrica, faz.
Cockpit digital
O 508 SE traz praticamente tudo de série. As exceções são o carregador opcional de 7,4 kW, que permite acelerar os carregamentos (de série, o carregador interno é de 3,6 kW), e o teto de abrir panorâmico. No que diz respeito à tecnologia, o cockpit digital é já nosso conhecido. O melhor é o painel digital que substitui os instrumentos tradicionais, com grafismo rico, apelativo e personalizável. Podemos, por exemplo, ver com detalhe as instruções de navegação ou optar por um look mais desportivo ou mais convencional. O que não nos convence muito é o ecrã tátil central. Os menus são pouco intuitivos, continua a não haver botão para o menu principal (temos de usar um movimento com três dedos) e há poucas apps. Felizmente, o suporte para Apple CarPlay e Android Auto pode resolver esta limitação e o smartphone até pode ser carregado sem fios. De série podemos ainda contar com visão noturna (via painel de instrumentos), assistente ao estacionamento, jantes de 20” exclusivas e um alarme sofisticado.
O 508 PSE é, como seria de esperar, o mais caro dos 508. A berlina custa cerca de 69 mil euros, menos uns €1300 que a versão carrinha (SW). É o preço da exclusividade, que se sente no desempenho e que é visível em muitos detalhes estilísticos. Para as empresas, o valor (sem IVA) fica abaixo dos 50 mil euros de modo a ser possível alguns benefícios fiscais, que poderiam ser maiores se a autonomia em modo elétrico ultrapassasse os 50 km (WLPT), o que não é o caso.